Resumo: | Na primeira década deste século, o cinema português reinventou-se com o aparecimento de vários novos autores. Esta nova descoberta de um novo cinema, saldou-se por várias modificações tanto nos modos de produção como nas escolhas temáticas e cinematográficas. Visualmente, o cinema português foi, lentamente, transformando-se e o panorama actual é, em muitos aspectos, diferente daquilo que era conhecido como “cinema português”. Contudo, não deixa de ser necessário recuar à década anterior, já que foi aí que estas mudanças começaram a sentir-se de forma mais profunda e com impacto numa nova geração de autores. Antes de mais, estas alterações são resultado de um novo contexto político e económico que permitiu um novo fôlego financeiro e criativo. Nos anos 90 começou a sentir-se, como mais profundidade, o impacto da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeu. Os fundos resultantes desta adesão, permitiram uma nova relação do poder político com as políticas culturais. E a marca mais séria dessa mudança foi a instituição de um Ministério de Cultura, em 1995, decorrente da chegada ao poder de uma partido de esquerda. Essa realidade juntou-se a um período económico muito favorável e a um consequente aumento e diversificação dos apoios concedidos ao cinema. Pormenor decisivo, porque o mercado português de cinema, como sempre aconteceu na sua história, é um mercado totalmente dependente dos apoios estatais ao cinema. Uma análise aos novos cineastas do cinema português (década de 2000), alertando para as alterações temática e dos modos de produção. Divisão entre duas divisões temáticas: uma dimensão visual (Marco Martins, Tiago Guedes/Frederico Serra e Sandro Aguilar); uma dimensão de re-invenção narrativa (João Pedro Rodrigues, Miguel Gomes e João Nicolau).
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