Summary: | A emergência em contexto intra e extra-hospitalar possui especificidades quando comparada com outros actos não emergentes. Os principais objectivos do tratamento ou actuação em emergência são preservar a vida, evitar a deterioração do estado do doente antes de se poder administrar um tratamento mais definitivo e ainda devolver o utente a uma vida útil (Smeltzer & Bare, 1994). Estas situações, que comprometem gravemente as principais funções vitais, têm conduzido, sobretudo nos países mais desenvolvidos, à criação de mecanismos que as permitam atempadamente recuperar, manter e melhorar, com vista à recuperação do indivíduo na sua vida social (Batuca, 2005). Os objectivos desta comunicação são: procurar demonstrar que a especificidade da formação para a emergência é compatível com a utilização de uma metodologia de Investigação-Acção; comprovar o sucesso desta metodologia através da ilustração de um caso de aplicação prática num Hospital em Portugal. Formar para a emergência implica estruturar os conteúdos formativos de modo a que estes propiciem a aquisição de técnicas e procedimentos, que normalmente constam de protocolos, e que visam diminuir ou resolver o impacto dos desvios de saúde no ser humano no período imediatamente após a situação emergente, assim como limitar os mecanismos que lhe deram origem. As necessidades de formação podem ser diagnosticadas de diversas formas: através de uma análise externa aos desempenhos individuais dos profissionais envolvidos, através do estudo do funcionamento das estruturas que concorrem para a resolução de situações de emergência, através de pedidos individuais de formação, através da análise das estatísticas resultantes dos casos envolvidos, ou ainda através do levantamento de necessidades na área das práticas de emergência quando surgem novas técnicas ou equipamentos. No que diz respeito a esta última abordagem, a metodologia de Investigação‑Acção privilegia um processo de investigação em espiral, interactivo, e focado num determinado problema. Esta metodologia procura promover a melhoria das práticas mediante a mudança e a aprendizagem a partir das consequências dessas mudanças. Permite ainda a participação activa de todos os implicados, desenvolvendo-se numa espiral de ciclos que abarcam a planificação, a acção, a observação e a reflexão. Com o objectivo de demonstrar de que modo a metodologia de Investigação‑Acção pode ser utilizada em contexto de formação para a emergência, apresentarei, enquanto exemplo prático de implementação, uma estratégia de formação para utilização de dispositivos supraglóticos, que foi desenvolvida num Hospital em Portugal, e que teve como objectivo diagnosticar necessidades de formação para situações de via aérea difícil, identificar os seus conteúdos, estabelecer um plano de formação e aplicá-lo em contexto de local de trabalho. Referirei também quais as conclusões que foram retiradas deste processo e procurarei demonstrar que esta metodologia poderá ser utilizada com sucesso em contexto de formação para a emergência.
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