Resumo: | Actualmente o abuso sexual intrafamiliar de crianças é compreendido como uma das mais significativas ameaças ao bem-estar e segurança das mesmas. Intervir nesta área requer esforço e um trabalho coordenado entre os profissionais que participam no decorrer do processo Judicial (Alberto, 2006). Devido à delicadeza da matéria em causa, a avaliação psicológica forense torna-se complexa, exigindo uma especial competência e sensibilidade por parte dos profissionais que nela intervêm, de modo a que a mesma possa ser conclusiva e não se incorra num processo de vitimação secundária (Machado & Gonçalves, 2002). O presente estudo tem como objectivo central aceder aos significados e crenças que as crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar possuem acerca do momento da avaliação psicológica forense e acerca do psicólogo forense que realiza a mesma. Neste sentido, procuramos aceder às percepções e significados desta experiência, através da realização de uma entrevista qualitativa a uma amostra constituída por 5 crianças com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos. Os dados empíricos resultantes das narrativas das entrevistas foram analisados através de procedimentos de tratamento e interpretação de dados qualitativos, tendo por base a Grounded Theory. Os resultados demonstram como os entrevistados conceberam a globalidade do momento da avaliação psicológica forense como uma experiência positiva, apesar de evidenciarem desconforto inicial na abordagem da sua história de vitimação, o qual foi ultrapassado pela maioria das crianças no decorrer da entrevista. É igualmente visível o conforto relacional quer em relação ao psicólogo forense que os acompanhou e que realizou a entrevista de avaliação psicológica quer em relação ao local de realização da mesma. Terminamos com as limitações do nosso estudo e sugestões para futuras investigações na área das crianças e jovens em risco.
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