Summary: | As Quintas de Recreio, pelas suas qualidades arquitetónicas, espaciais, vivenciais e paisagísticas, constituem um património cultural único, no universo paisagístico português, representativas da interação do homem e da natureza, na trajetória do tempo. Essencialmente a partir da segunda metade do século XVII, a zona de Oeiras será alvo de edifícios dedicados ao recreio, dos quais chegaram aos dias de hoje cerca de 25 estruturas em diferentes graus de conservação, tomando-se objeto da presente dissertação a Quinta Real de Caxias. Esta Quinta de Recreio, outrora parte do conjunto dos bens materiais da antiga Casa do Infantado, instituição criada em 1654 e destinada a prover os filhos segundos dos monarcas, veria o propósito para o qual tinha sido planificada ser definitivamente alterado, ao ser dividida a sua posse entre os Ministérios da Defesa e da Justiça, por determinação do último rei de Portugal, D. Manuel II, em 1908. Decorridos mais de cem anos após este ato administrativo, a estrutura arquitetónico-paisagística desta Quinta de Recreio encontra-se conservada, independentemente de todas as vicissitudes sofridas decorrentes do tempo. O seu jardim de aparato, dominado por uma monumental cascata, o grupo escultórico da escola de Machado de Castro e duas das salas do Paço Real foram objeto de classificação como Património de Interesse Público, em 1953 — circunstância que não evitou o agravamento da degradação de um conjunto que constitui um testemunho da arte, da história e da cultura de uma sociedade do século XVIII. Desde 1985, e ao longo de 35 anos, têm sido conduzidas múltiplas negociações entre a autarquia e os ministérios que detêm a posse deste espaço patrimonial, com o objetivo de o recuperar e de o tornar um local de que a população possa usufruir.
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