Resumo: | O contexto, ambiente e percurso académicos do ensino superior representam um significativo desafio relativamente às vivências e práticas anteriores do ensino secundário e levanta pertinentes questões no âmbito da adaptação e desenvolvimento psicossocial dos próprios estudantes. Para a maioria destes, vivendo a primeira saída de casa, o impacto deste processo de socialização e vivência da cultura académica e/ou associativa é potenciado pela participação em jantares, festas e tradições nas quais se inclui a praxe académica. É, muitas vezes, no quadro destas práticas iniciáticas de integração que pequenos desvios ou exageros mínimos transformam situações comuns de lazer e convívio positivo em momentos de adversidade e intenso stress para os “caloiros”. Perante a afirmação de poder e do estatuto de superioridade, por parte de hierarquias bem definidas e legitimadas num código que os precede, os “caloiros” veem-se obrigados a desenvolver e/ou mobilizar recursos pessoais e psicossociais para lhes fazer face, num processo em que o apoio e suporte social de terceiros tem um papel facilitador e optimizador (Pais Ribeiro, 2000). Este estudo visa avaliar razões e emoções associadas a uma prática comum recolhida nas vivências académicas e a importância da qualidade de relacionamento interpessoal com o grupo turma de pertença. Na recolha de dados foi utilizado um questionário desenhado a partir de um episódio de jantar / festa académica, com uma situação de coação / agressão, vitimização e suporte como estrutura narrativa e o convite à tomada de perspetiva empática (cognitiva e emocional) de um dos três atores (veterano, caloiro e padrinho ou madrinha). Para avaliar a qualidade das relações interpessoais com a turma foi utilizado o Inventário da Qualidade dos Relacionamentos Interpessoais (IQRI) (Pierce, 1994; Neves & Pinheiro, 2006). Os resultados apurados numa amostra de 105 estudantes da Escola Superior de Desporto de Rio Maior são discutidos em função das variáveis sociodemográficas consideradas e sugerem uma relação significativa entre a tomada de perspetiva empática e a perceção de suporte no relacionamento com a turma.
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