Canine leishmaniasis: the role of hepatocytes and Kupffer cells during Leishmania infantum infection

A leishmaniose canina (LCan) é uma doença zoonótica causada por Leishmania infantum, um parasita protozoário transmitido por flébotomos. O fígado constitui um órgão vital e de grande importância metabólica, sendo também um alvo preferencial para L. infantum. Apesar do complexo metabolismo, o fígado...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: RODRIGUES, Maria Armanda Viana (author)
Format: doctoralThesis
Language:eng
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10362/20432
Country:Portugal
Oai:oai:run.unl.pt:10362/20432
Description
Summary:A leishmaniose canina (LCan) é uma doença zoonótica causada por Leishmania infantum, um parasita protozoário transmitido por flébotomos. O fígado constitui um órgão vital e de grande importância metabólica, sendo também um alvo preferencial para L. infantum. Apesar do complexo metabolismo, o fígado apresenta mecanismos efetores que podem contribuir para a direta eliminação do parasita de forma ainda não completamente compreendida. Assim, este estudo tem por objetivo analisar o papel dos hepatócitos e das células de Kupffer (CK) na infeção por L. infantum. A resposta imune orquestrada pelo cão contra L. infantum é constituída por um largo espetro de respostas de imunidade inata e adquirida. Estudos em cães infetados demonstraram que a imunidade ao parasita é órgão-específica. Para analisar a interação entre L. infantum e os hepatócitos, no presente estudo, hepatócitos e CK foram isolados de cães saudáveis e cultivadas em dois sistemas de cultura diferentes. O sistema 2D consiste na clássica cultura em placa e o sistema 3D tira partido da tendência dos hepatócitos para agregar e permite às células recriar a organização natural existente no órgão. L. infantum apresentou um claro tropismo para os hepatócitos, aderindo fortemente à membrana celular. No entanto, não é claro se o parasita entrou nos hepatócitos. Estas interações levaram a uma ativação da imunidade inata, aumentando a expressão génica dos receptores NOD1 e NOD2, bem como TLR2, em sinergia com a diferenciação de um perfil misto de citocinas anti- e pro-inflamatórias, que conduziu à diminuição de atividade das CYPs450. Três novos compostos com reconhecida atividade anti-leishmanial (ácido ursólico, chalcona-8 e quercetina) foram testados e comparados com o fármaco classicamente utilizado no tratamento da leishmaniose. Os compostos experimentais apresentaram boa atividade leishmanicida e não afetaram a viabilidade dos hepatócitos, diminuíram a inflamação celular e restauraram a atividade das CTPs450, havendo ainda a hipótese de serem metabolizados em parte pelas referidas enzimas. As CK mostraram-se permissivas a amastigotas e promastigotas e elevaram a expressão de NOD1 e TLR2 na presença do parasita. No entanto, L. infantum é capaz de regular a resposta imunitária nas CK, evitando a ação de citocinas anti e pró-inflamatórias e do stress oxidativo, aumentando, por outro, lado a síntese de ureia. A adição de antimoniato de meglumina permitiu às CK recuperar a ativação e expressão de recetores de imunidade inata e produção de citocinas. A co-cultura de CK infetadas com hepatócitos revelou que as células em conjunto foram capazes de ativar a imunidade inata. Os hepatócitos evidenciaram, assim, um papel interessante na orquestração de uma resposta imune sinergética com as CK contra L. infantum. Foram ainda observadas diferenças entre a resposta imune exibida por macrófagos do sangue (MØ) e CK infetados por L. infantum. A análise da memória linfocitária hepática, realizada em modelo murino de leishmaniose visceral, demonstrou que o tratamento com antimoniato de meglumina elevou os níveis de memória e o número de células efetoras, melhorando a resposta imunitária do fígado, salientando o seu papel como órgão imunitário. As proteínas recombinantes de L. infantum, LirCyp1 e LirSOD foram reconhecidas pelas células de memória de animais infetados e tratados, indiciando que estas proteínas podem vir a ser incorporadas numa vacina terapêutica ou profilática.