Summary: | A heterogenidade da natureza molecular dos tumores de bexiga tem dificultado o estabelecimento de abordagens no campo da medicina de precisão, revelando-se a necessidade de terapias mais eficientes e novas ferramentas de detecção não-invasivas. Contudo, têm-se denotado um desenvolvimento no estudo da carcinogénese de bexiga e na progressão do tumor, acompanhado de profundas alterações na glicosilação de proteínas que, dada a sua superfície celular e a natureza secretada, apresenta um potencial elevado na melhoria da gestão da doença. Segundo esta abordagem foi efectuado um estudo sobre tumores de bexiga de diferentes naturezas clinicopatológicas para O-glicanos de cadeia curta, regularmente encontrados na maioria dos tumores sólidos, recorrendo-se à imunohistoquímica. O estudo incluiu os antígenos Tn e T e os seus homólogos sialilados sialil-Tn (STn) e sialil-T (ST), geralmente associados com um mau prognóstico. Explorou-se ainda a sialilação da natureza dos antigénios T, especificamente as sialoformas sialil-3-T (S3T) e sialil-6-T (S6T), com base em combinações de tratamentos enzimáticos. Observou-se uma predominância de sialoglicanos, em comparação com as glicoformas neutras (antígenos Tn e T) em tumores de bexiga. Em particular, o antigénio STn foi associado ao estado avançado da doença e invasão muscular. Os antígenos S3T e S6T foram detectados pela primeira vez em tumores de bexiga, estando ausentes no urotélio normal, permitindo destacar a natureza específica em tumores. Verificou-se também a sobreexpressão dos glicanos em lesões avançadas, especialmente nos casos com invasão muscular.As análises glicoproteómicas dos tumores avançados de bexiga permitiram identificar diversas glicoproteínas-chave associadas ao cancro (MUC16, CD44, integrinas), denotando uma glicosilação alterada.As glicoformas da MUC16 STN positivas, características do cancro de ovário, encontram-se num subconjunto de tumores de bexiga em estado avançado, com um pior prognóstico. Em suma, os tumores de bexiga apresentam severas alterações no O-glicoma e no Oglicoproteoma devendo ser abordados de forma abrangente com o objectivo de desenvolver ferramentas de diagnóstico não invasivas e terapias dirigidas. As glicoformas aberrantes de MUC16 apresentam potencial como biomarcadores de mau prognóstico. Este trabalho estabeleceu um guia para a descoberta de glicobiomarcadores no cancro de bexiga, que pode ser utilizado para a estratificação dos pacientes e, por fim, levar à descoberta de novos alvos terapêuticos.
|