Síndrome de Burnout em Ginecologistas e Obstetras

Introdução: A Síndrome de Burnout é entendida como um fenómeno ocupacional e emocional, cujos sintomas podem ser exaustão extrema, stress, ansiedade, cansaço, insatisfação pessoal e profissional, distúrbios do sono e sintomas depressivos. A sua definição tem vindo a sofrer alterações, contudo, é con...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Cosme, Maria Inês Martins (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2021
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.6/11433
País:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/11433
Descrição
Resumo:Introdução: A Síndrome de Burnout é entendida como um fenómeno ocupacional e emocional, cujos sintomas podem ser exaustão extrema, stress, ansiedade, cansaço, insatisfação pessoal e profissional, distúrbios do sono e sintomas depressivos. A sua definição tem vindo a sofrer alterações, contudo, é consensual que se trata de uma resposta prolongada a fatores de stress físicos e emocionais crónicos que culminam em exaustão e sentimentos de ineficácia. Os profissionais de saúde são um alvo frequente desta síndrome, face ao elevado número de desafios e obstáculos que enfrentam. Por não existirem estudos da incidência da síndrome de burnout em ginecologistas e obstetras em Portugal, propôs-se a realização do presente estudo. Objetivos: Com este estudo pretende-se determinar a incidência do burnout em ginecologistas e obstetras a exercer em Portugal, verificar quais os fatores sociodemográficos, profissionais e externos que poderão estar relacionados, e consoante os resultados, se possível, enumerar medidas protetoras da incidência e dos efeitos desta síndrome. Material e metodologia: Foi realizado um inquérito composto por quatro partes: consentimento informado; questões sociodemográficas e relativas à vida profissional; avaliação da presença da Síndrome de Burnout através de uma escala validada, e avaliação de fatores externos. O questionário foi divulgado e endereçado a ginecologistas e obstetras a exercer em Portugal, via endereço eletrónico, através da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno Fetal. Através da plataforma Google Formulários o anonimado foi assegurado, tendo-se obtido 217 respostas. Os resultados foram posteriormente analisados através do programa estatístico SPSS. Resultados: Demonstrou-se que 57.6% (123 médicos) dos ginecologistas e obstetras que participaram no estudo, sofrem de burnout, com uma média de 54.9 pontos no Questionário Síndrome de Burnout de Copenhaga adaptado para português. Este resultado é idêntico aos relatados noutros países, onde se estima que entre 40-75% dos ginecologistas e obstetras sofrem de burnout. Verificou-se relação estatisticamente significativa (p-value<0.05) com o sexo; idade; nº de anos de especialista; tempo reservado para atividades de lazer; pensar sobre mudar de especialidade, profissão ou instituição/serviço; classificação das condições do local de trabalho; excesso de carga laboral, falta de progressão na carreira, falta de autonomia na gestão do horário, desigualdade nas condições de trabalho e salário como causas de stress e ansiedade; realização de atividades com vista à redução do stress e ansiedade e toma regular de fármacos ansiolíticos e/ou antidepressivos. Conclusão: Com a presente análise, comprova-se que há elevada incidência de burnout na especialidade de ginecologia e obstetrícia em Portugal, tal como constatado noutros estudos internacionais. Além da determinação da incidência do burnout nos especialistas, foi possivel identificar fatores agravantes e protetores. A amostra em estudo permitiu inferir que uma melhor gestão organizacional, melhoria das condições do local de trabalho, autonomia na gestão dos horários laborais, reconhecimento do trabalho dos profissionais, reserva de tempo para atividades de lazer e ocupação com outras atividades, possam contribuir para a diminuição do impacto da síndrome. O presente estudo pretende contribuir para o estudo e prevenção da síndrome nos ginecologistas e obstetras.