Summary: | Pretendo, através do presente artigo, contribuir para o debate sobre o papel desempenhado pelos pais-professores, por mim definidos como os que integram o movimento associativo parental (por exemplo, líderes de associações de pais ou representantes dos pais em órgãos da escola) e que acontece serem profissionalmente docentes. A reflexão resulta de um estudo etnográfico por mim conduzido em três escolas públicas do 1º ciclo do ensino básico, na região centro do país, onde me apercebo da importância desempenhada por este actor social no âmbito da relação escola-família. Na Primeira Parte procuro mostrar que a crescente visibilidade social dos pais-professores não constitui um acaso, mas antes se inscreve no cruzamento entre a sua condição de classe e a sua condição profissional. A pesquisa sugere que a condição híbrida dos pais-professores não os torna a priori nem em “mais pais” (“contra” os professores), nem em “mais professores” (“contra” os pais), mas que a sua condição possibilita uma melhor defesa dos interesses dos pais de meios socialmente desfavorecidos. A pesquisa sugere ainda que a correspondência entre graus de ensino de professores e de pais-professores facilita uma relação de maior cumplicidade entre ambos os grupos, enquanto que a não correspondência proporciona uma maior autonomia dos pais-professores face ao corpo docente. Na Segunda Parte procuro mostrar como os pais-professores se revelam constituir um grupo privilegiado para desempenhar o papel de pais-parceiros, aqueles que melhor interpretam a atitude pró-activa dos encarregados de educação no processo de reconfiguração da relação escola-família. - This paper aims to contribute to the debate on the role fulfilled by parentteachers, defined as those who integrate the parent associative movement (such as parents associations’ leaders or parents’ representatives in school boards) and who happen to be teachers. The current notes are the result of an ethnographic study, conducted by me in three public, elementary, schools in the centre of Portugal, where I realized the importance of the role carried out by this social actor in the context of school-family relationships. In Part One I try to argument that the growing social visibility of parent-teachers is not an accident. On the contrary, it is inscribed in the overlapping of their social class condition with their professional condition. The research suggests that the hybrid condition of parent-teachers does not turn them neither “more parents” (“against” teachers), nor more “teachers” (“against” parents), but that their condition makes easier for them to defend parents from a social disadvantaged background. The research also suggests that the correspondence between teachers and parent-teachers school levels facilitates a deeper complicity between both groups, while a non-correspondence promotes a larger autonomy of parent-teachers towards the school teachers. In Part Two I try to figure out as parent-teachers reveal themselves as a privileged group in order to play the role of “parent-partners”, those who better interpret the pro-active attitude of parents in the process of reconfiguration of school-family relationships.
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