Resumo: | A par do aumento do número de pessoas idosas na população total, o tempo de vida tem sido igualmente prolongado. Se por um lado, nestas idades, o ser humano está mais vulnerável ao desenvolvimento de processos patológicos e incapacitantes, que poderão condicionar o seu bem-estar, a oportunidade de uma vida mais longa poderá não incluir as condições necessárias para que desfrute dos seus anos acrescidos com qualidade de vida. Investigar sobre uma população de extremas idades permite não só aprofundar o conhecimento sobre os processos de envelhecimento e os preditores da longevidade humana, mas também identificar e caracterizar os fatores relacionados com o envelhecimento bem-sucedido. O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito do PT 100 – Estudo dos Centenários da Beira Interior, um sub-projeto daquele que constitui o primeiro estudo dos centenários portugueses: o PT 100 – Centenários do Porto. A sua entidade promotora é a Unidade de Investigação e Formação sobre Adultos e Idosos do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (UNIFAI-ICBAS) integrando um consórcio internacional, com a Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e a Universidade de Fordham (Estados Unidos da América). Este constitui um estudo descritivo e transversal, de abordagem quantitativa e qualitativa. Visa a análise da avaliação subjetiva da qualidade de vida global e algumas dimensões relacionadas, como a autoperceção da saúde e o funcionamento cognitivo, das pessoas centenárias da Beira Interior. Participaram 13 centenários dos concelhos de Castelo Branco e de Figueira de Castelo Rodrigo, entre os 99 e os 105 anos (M= 101 anos). Os dados foram recolhidos mediante a realização de uma entrevista, aplicando o protocolo de investigação utilizado no consórcio internacional. 85% da amostra auto-avaliou a sua saúde de forma positiva. Os resultados sugerem que 61,5% dos participantes apresentam défice cognitivo. Este parece ser mais prevalente em centenários institucionalizados. Cerca de 70% dos centenários e 100% dos seus proxy’s e terceiros informantes apreciaram positivamente a qualidade de vida global do centenário. Os fatores considerados, pelos centenários, determinantes da sua qualidade de vida são: a satisfação com a vida, a saúde, a autonomia e a qualidade das relações familiares.
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