Resumo: | Os estudos sobre a eficácia terapêutica na ansiedade social têm sido realizados sobretudo com adultos, sendo escassa a investigação realizada em adolescentes. De igual modo, a intervenção tem-se centrado nos modelos cognitivos, negligenciando uma perspetiva comportamental sobre a ansiedade social. O presente trabalho pretende averiguar a eficácia terapêutica de uma intervenção comportamental dirigida a adolescentes com ansiedade social, aplicada em formato de grupo e em contexto escolar. Procurou-se avaliar nos adolescentes a ansiedade e o evitamento de situações sociais, a adoção de comportamentos de segurança e o impacto da ansiedade social a nível académico, social e familiar. Este estudo compreendeu quatro fases: a seleção dos adolescentes com ansiedade social nas escolas, a avaliação pré-intervenção, a intervenção comportamental e a avaliação pós-intervenção. A amostra deste estudo foi constituída por 15 adolescentes com ansiedade social, distribuídos num grupo experimental (n=11), que foi alvo de intervenção comportamental, e num grupo de controlo (n=4) que não foi sujeito a qualquer intervenção. Foram investigadas as alterações no grupo experimental por comparação ao grupo de controlo (efeito grupo), a variação da avaliação préintervenção para a avaliação pós-intervenção dos participantes (efeito tempo) e examinou-se a interação do efeito tempo e do efeito grupo. Foi também a mudança intra-individual, considerando o quanto o desempenho do respondente se aproximava no fim da intervenção do que seria esperado de uma amostra normativa. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas nos efeitos em estudo, para as variáveis ansiedade, comportamentos de evitamento, comportamentos de segurança e incapacidade pessoal. Contudo, analisaramse as mudanças clínicas em cada participante e verificou-se uma tendência para a recuperação clínica nos participantes do grupo experimental, quando comparados aos do grupo de controlo, nos comportamentos de evitamento e nos comportamentos de segurança. A intervenção comportamental, aplicada neste estudo, teve alguma influência na redução / eliminação dos comportamentos de evitamento e dos comportamentos de segurança dos adolescentes intervencionados, o mesmo não se tendo verificado nos adolescentes não intervencionados. Estes resultados poderão ser um incentivo para investigações futuras ao nível da intervenção comportamental em adolescentes com ansiedade social.
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