Fons vitae : matéria, forma, conteúdo e tecnologia

A reconstrução da fortuna critica da obra Fons Vitae auxilia a compreensão das origens de uma enigmática e misteriosa obra associada a cidade do Porto e a Santa Casa da Misericórdia da mesma cidade. A descoberta do seu valor enquanto objeto artístico advém do seculo XIX, contudo o interesse do caso...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Pereira, Diogo Francisco Bernardes (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2022
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/37234
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/37234
Description
Summary:A reconstrução da fortuna critica da obra Fons Vitae auxilia a compreensão das origens de uma enigmática e misteriosa obra associada a cidade do Porto e a Santa Casa da Misericórdia da mesma cidade. A descoberta do seu valor enquanto objeto artístico advém do seculo XIX, contudo o interesse do caso de estudo continua a crescer e a permitir a construção de novas considerações, tal como verificado ao longo da presente dissertação. A analise estética e formal permite, para alem da identificação das figuras, estabelecer paralelismos com outras obras e elementos artísticos, o que auxilia a continuação do delineamento do caminho da história e génese da obra, trabalho que tem sido desenvolvido não apenas com estudos mais recentes, mas desde que a obra foi identificada como um objeto de valor artístico, patrimonial e histórico. A problemática patenteia o levantamento de questões de outrora e indica novas dúvidas, apontando o caminho que o atual estudo tomara para o esclarecimento integrado da pintura Fons Vitae. A reflexão, o exame e a analise dão o mote para a abordagem as questões da materialidade que compõe a obra. Sobre o suporte, compreendem-se os métodos construtivos e as fases pelas quais passou desde a sua produção original até a atualidade. Percebe-se, inclusivamente, que a moldura atual não é original e mesmo a moldura anterior não o seria, alias, a moldura original desempenharia uma componente estrutural que hoje não se verifica. A construção dos estratos confirma-se como correspondente aos padrões da pintura flamenga do século XVI, e a identificação de materiais correspondentes a preparação branca revela-se diruptiva com a padronização que foi estabelecida para a divisão de centros de produção do norte e sul da europa. O estudo do desenho subjacente mostra que mais do que uma mão terá sido responsável pelo projeto figurativo e que muitas dissemelhanças são estabelecidas quando comparado com outras obras atribuídas a Colijn de Conter, o autor apontado para a pintura Fones Vitae. Os estratos cromáticos apresentam-se em conformidade com os moldes flamengos, tanto na identificação de pigmentos como de outros materiais que surgem associados a obra. O trabalho apresenta-se inovador na medida em que utiliza uma recente ferramenta tecnológica e digital de imagem espectral, desenvolvida pela XpectralTEKR. A medida em que se apresentam os resultados obtidos através desta ferramenta, corroboram-se os mesmos com métodos analíticos completamente estabelecidos na área da arqueometria e da ciência da conservação. Como elemento de conclusão, tratam-se questões cronológicas, questões de proveniência, de materialidade, autoria, conservação e outros meios para a compreensão integrada da obra.