Summary: | Enquadramento: A Diabetes tipo 1 é uma doença imunomediada que tem sofrido um aumento da sua incidência. O seu actual tratamento, apesar dos grandes avanços, tem eficácia incompleta, pois é incómodo e está associado, entre outros, a hipoglicemias e não evita por completo as complicações tardias. Nesse sentido, novas alternativas têm sido estudas e a reposição dos ilhéus de Langerhans, por transplante total, ou de ilhéus, é uma modalidade terapêutica que tem sofrido grandes alterações. Objectivo: Analisar estudos de transplante de ilhéus e verificar a sua eficácia e aplicabilidade no tratamento da Diabetes tipo 1. Materiais e Métodos: Realizou-se pesquisa para identificar artigos na base de dados MEDLINE. Foram utilizadas as palavras-chave [type 1 diabetes], [pancreatic transplantation], [pancreatic islet transplantation]. Realizou-se também pesquisa partindo de referências de artigos e utilizaram-se limites relativamente à língua e autores. Resultados: Dezanove estudos, que realizaram transplante de ilhéus isolado, simultaneamente ou após rim, partindo de dadores humanos, em diabéticos tipo 1, foram seleccionados. A maioria dos estudos mais recentes alcançou 100% de independência de insulina ou próximo, durante um período temporário após o transplante. Aqueles com seguimento mais longo mostraram que apenas 7,5% dos pacientes o permaneciam após cinco anos. A função parcial do enxerto teve melhores resultados, estando presente em 80% dos pacientes após cinco anos, com melhoria do controlo metabólico. A melhoria dos resultados deveu-se aos desenvolvimentos que têm ocorrido. Os maiores verificaram-se com a introdução do Protocolo de Edmonton, em 2000, preconizando, entre outros, imunossupressão sem corticosteroides. Posteriormente, surgiu o Protocolo de Quioto para melhorar a utilização de dadores cadáveres. Estes investigadores utilizaram pela primeira vez um dador vivo. Desenvolvimentos também ocorreram nas técnicas de preparação dos ilhéus. Contudo, complicações relacionadas com o procedimento e imunossupressão ainda são frequentes, assim como a escassez de dadores, tornando essencial equilibrar a razão risco-benefício na selecção dos candidatos para transplante. Conclusões: O transplante de ilhéus pancreáticos tem sofrido grandes alterações e o que parecia não ter sucesso, comparando com o transplante total, tem-se tornado na melhor opção para “curar” a Diabetes tipo 1. Apesar dos resultados apresentados parecerem demonstrar que esta estratégia pode ser eficaz, estes são menos favoráveis a longo prazo. A falta de dadores e a imunossupressão são os seus principais entraves, pelo que tem surgido interesse em técnicas alternativas.
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