Resumo: | Uma corrente maioritária dos estudos teatrais divide o teatro em duas grandes espécies: o teatro literário e o teatro não-literário. Demonstra-se como estes dois conceitos limitam o olhar sobre espetáculos e literatura dramática bem como sobre a relação entre ambas as artes, confinando-as a uma história de tensões num esquema dualista e antitético. É por isso que sobre a afirmação de que o teatro é diferente da literatura paira a afirmação de que o teatro e a literatura são artes idênticas, como se uma não se pudesse ouvir sem a outra. Com o intuito de relativizar a preponderância destas ideias e fugir à sua autoridade, propõe-se, seguindo uma certa tradição da filosofia epistemológica, uma perspetiva mais livre. Desembaraçando o teatro e a literatura de um saber que procura a certeza numa inacessibilidade hipotética e numa unidade por desvelar, estar-se-á mais disponível para o encontro e reconhecimento do objeto bem como da asserção de que uma coisa não é outra coisa.
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