Summary: | A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença inflamatória autoimune crónica, que afeta as articulações pode levar a várias complicações sistémicas nos doentes. Para uma melhor compreensão desta doença, torna-se relevante estudar as várias células do sistema imunitário envolvidas na fisiopatologia e progressão da AR. Assim, neste trabalho, pretendeu-se avaliar o papel das subpopulações de monócitos e células dendríticas (DC) do sangue periférico na AR, células cruciais no desenvolvimento e perpetuação da resposta inflamatória. Os monócitos e DC migram para o local de inflamação, onde são responsáveis pela apresentação de antigénios às células T e pela libertação de vários mediadores solúveis, nomeadamente citocinas pró-inflamatórias, que contribuem para a inflamação crónica observada na AR. Com este objetivo, foram analisadas 23 amostras de sangue periférico de doentes com AR, em vários estágios de atividade da doença, e 21 amostras de indivíduos saudáveis (grupo controlo). As populações de monócitos (monócitos clássicos, intermédios HLA-DR+, intermédios HLA-DR++ e não clássicos) e DC (mieloides (mDC) e plasmacitoides (pDC)) foram quantificadas através da expressão de marcadores específicos por citometria de fluxo. Posteriormente, as várias subpopulações foram separadas por cell sorting para o estudo da expressão génica de IL-10, IL-12p35 e TNF-α, e de CX3CR1, por qPCR. Observou-se no grupo de doentes um decréscimo do número e frequência de monócitos não clássicos, de mDC e de pDC. Foi também observado um decréscimo da frequência de monócitos intermédios HLA-DR+. Tal sugere que ocorre um aumento da migração destas populações celulares para a sinóvia inflamada. As células mostravam também um maior grau de ativação, podendo esta estar associada à inflamação periférica, e os monócitos intermédios HLADR+ exibiram um perfil pró-inflamatório. A maioria das subpopulações estudadas apresentaram um aumento da expressão génica de IL-10, podendo tal corresponder a uma tentativa de regulação negativa da resposta inflamatória. Os resultados obtidos sugerem alterações a nível fenotípico e funcional dos monócitos e DC na AR, que reforçam o envolvimento destas células na fisiopatologia da AR.
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