Summary: | INTRODUÇÃO O regresso ao trabalhar tem sido considerado um problema de saúde pública e uma das principais metas da reabilitação cardiovascular porque tem benefícios económicos para a sociedade, em termos do aumento de produtividade e redução de custos, e também melhora o bem-estar individual e a segurança económica dos pacientes e suas famílias. Diversas variáveis médicas, psicológicas e sociodemográficas têm sido relacionadas com o regresso ao trabalho após cardiopatia isquémica, sendo atribuído um peso maior às variáveis sociopsicológicas. OBJETIVO Determinar a prevalência do regresso ao trabalho e relacionar a influência da personalidade no regresso ao trabalho da pessoa após cardiopatia isquémica. MÉTODOS Estudo de carácter analítico, correlacional e transversal, realizado com 164 doentes com idade inferior ou igual a 65 anos, com diagnóstico clínico de cardiopatia isquémica, decorridos três a seis meses após a alta hospitalar. A recolha de dados foi efetuada através de um questionário (caracterização sociodemográfica, escala de Graffar e o Inventário de Personalidade (Vaz-Serra, Ponciano e Freitas, 1980) autoaplicado na consulta de followup de cardiologia. Foi utilizado o teste de análise discriminante processado através do programa SPSS versão 20.0 para Windows. RESULTADOS Os doentes apresentaram uma média de idade de 54.2 anos ± 7.4 anos, 81.7% eram do sexo masculino, 96.3% eram “casados”, 41.5% pertenciam à Classe III da escala de Graffar. A prevalência do regresso ao trabalho foi de 58.5%. A análise discriminante pelo método stepwise permitiu a obtenção de um modelo final que permite a diferenciação dos dois grupos. O neuroticismo revelou-se como pedidor do regresso ao trabalho da pessoa após cardiopatia isquémica. CONCLUSÕES Os resultados são consistentes com alguns estudos nacionais e internacionais, confirmando a relação entre personalidade e o regresso ao trabalho. O regresso ao trabalho após um evento cardíaco é um processo multidimensional que parece ser fortemente influenciado por fatores psicossociais, entre os quais a personalidade. Assim, ao identificar os traços da personalidade do indivíduo, nomeadamente o pensamento, os sentimentos, o comportamento, a forma de agir nas atividades do dia-a-dia, seria possível prever comportamentos associados ao processo de saúde e doença.
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