Resumo: | O presente trabalho procura dar um contributo para compreender qual o papel que desempenha a figura de Coordenador de Departamento Curricular na criação de um clima moral na escola. Estes gestores intermédios da organização escolar surgiram com a publicação do DL n.º 115-A/98 de 4 de maio, e desde então os professores e as professoras que desempenham o cargo - coordenadores de departamento - têm vindo a ser cada vez mais responsabilizados pela consecução dos objetivos e das metas definidas nos documentos orientadores da escola, principalmente o Projeto Educativo e o Plano Anual de Atividades. Esta função foi assim paulatinamente ganhando visibilidade, sendo as suas funções largamente ampliadas não só na vertente da coordenação, mas principalmente nas dimensões de supervisão e de liderança. Alguns autores defendem que a liderança pode ser um fator decisivo na melhoria da qualidade educativa das escolas, outros defendem que além disso o conhecimento da cultura e do clima moral das escolas pode ser uma mais-valia na dinâmica da organização escolar, dado que esse conhecimento pode levar a que ocorram alterações significativas na escola. Foi então, e com base num estudo realizado numa escola, que procurámos entender qual o papel dos Coordenadores de Departamento Curricular ao nível da gestão intermédia. Pretendeu-se perceber, mais especificamente, de que forma a liderança que estes exercem é assumida como um fator importante da qualidade de vida na escola (clima moral da escola). O trabalho que apresentamos desenvolveu-se com base numa fundamentação teórica que incide nas temáticas: da liderança, visando especialmente o cargo de coordenação de departamento curricular; da comunidade educativa; da cultura e do clima moral. No estudo empírico que se realizou privilegiou-se a aplicação da metodologia qualitativa. No final constatou-se, pela interpretação dos dados recolhidos, que os coordenadores de departamento não assumiam explicitamente as suas funções de liderança, embora a exercessem de forma subtil, privilegiando práticas fomentadoras de um clima moral positivo, designadamente na partilha de responsabilidades e na tomada de decisão, e no respeito pelos valores democráticos, tais como: igualdade, liberdade e solidariedade.
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