Resumo: | Os dermatófitos são um grupo de fungos que conseguem invadir as superfícies queratinizadas de humanos e outros animais e originar uma infeção - dermatofitose. Estas infeções são um importante problema de saúde pública e, para as controlar, é necessário terapia prolongada. No entanto, os medicamentos existentes parecem exibir efeitos secundários e o uso frequente e prolongado destes compostos é responsável pela existência de estirpes resistentes a antifúngicos, o que representa um risco potencial para o ambiente e saúde humana. Por isso, são necessárias novas drogas biocompatíveis para usos prolongados. O quitosano é um polissacarídeo catiónico e biocompatível que possui atividade antimicrobiana. Assim, o principal objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antifúngica do quitosano sobre alguns dermatófitos e algumas espécies de Aspergillus sp. Para isso, a concentração mínima inibitória dos quitosanos foi determinada e os resultados mostraram que o quitosano possui atividade antifúngica contra T. rubrum e M. canis, apresentando CMIs que variam entre 1.1 e 2.2 mg/mL. Para as espécies de Aspergillus, não foi possível determinar as CMIs do quitosano. A concentração mínima fungicida também foi obtida para os dermatófitos, apresentando os mesmos valores obtidos para as CMIs. Como os dermatófitos são responsáveis por infeções das superfícies queratinizadas, é preciso compreender se o quitosano exerce algum efeito na atividade fúngica. A análise de imagens de microscopia eletrónica de varimento mostou que o quitosano parece ter um efeito protetor do substrato usado, o cabelo, quando este foi infetado com dermatófitos. O estudo do efeito do quitosano na atividade enzimática usando protease K revelou uma atividade importante na prevenção da ação das proteases. O efeito do quitosano na degradação de queratina por M. canis e T. rubrum também foi estudado pelo teste da “keratinazure” e os resultados indicaram que a libertação de cor era menor quando o quitosano estava presente no meio de cultura. A análise microscópica da superfície da “keratin-azure” quando o quitosano estava presente no meio de cultura corroborou as conclusões anteriores porque a superfície da “keratin-azure” tratada com quitosano mostrou-se intacta, apesar da existência de estruturas fúngicas à sua volta. Com base nestes resultados, é possível concluir que o quitosano apresenta uma atividade antifúngica relevante contra os dermatófitos, mostrando-se uma alternativa promissora aos tratamentos comuns para a tinha.
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