Resumo: | A cultura e o património cultural assumem-se como elementos fulcrais da sociedade. Grande parte desse património cultural é imaterial, um tipo de património sem forma física e, muitas vezes, sem qualquer registo. Considerando o papel das autarquias enquanto organismo público de proximidade com as comunidades, a par com a sua função política, as políticas culturais autárquicas assumem-se como o instrumento adequado a uma estratégia de salvaguarda deste património por parte das autarquias. Tomando como objeto de investigação o canto polifónico feminino, esta dissertação procura obter mais conhecimento sobre a salvaguarda e preservação deste património cultural imaterial específico, em 4 municípios da região centro de Portugal. Espera-se que este estudo contribua para clarificar a importância destas políticas autárquicas na salvaguarda do canto polifónico feminino. O plano de investigação aplicado é o de estudo de caso. Como método de recolha de dados realizou-se um inquérito recorrendo a um questionário junto da população e a entrevistas semi-estruturadas junto de atores políticos dos municípios em estudo. Os dados recolhidos permitiram perceber que há (re)conhecimento na comunidade acerca do canto polifónico feminino, mas que as políticas culturais autárquicas ainda não estão voltadas para esta temática. Em termos de salvaguarda, a investigação permite ressaltar a importância da intergeracionalidade, as dimensões sociais que este canto tem e de como pode representar um fator de empoderamento e capacitação para a população mais envelhecida. Conclui-se assim que é necessário um maior investimento nas políticas culturais autárquicas dos municípios analisados para que seja garantida a salvaguarda do canto polifónico feminino, visto que este pode potenciar o desenvolvimento social e local (a par do desenvolvimento e bem-estar individual das pessoas) das comunidades desenvolvidas.
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