Resumo: | Introdução: A estenose mitral (EM) representa uma redução da área de abertura diastólica da válvula mitral, sendo que a febre reumática (FR) é a sua principal causa. Estas patologias persistem como um grave problema nos países em desenvolvimento, sendo pouco comuns nos países industrializados. Métodos: Para elaborar a revisão bibliográfica, procedeu‐se a uma análise e compilação das informações actualmente existentes, abordando também a FR. Para determinar o número de casos de EM seguidos no serviço de cardiologia do Hospital Sousa Martins (HSM), assim como a sua situação actual, procedeu‐se a uma análise retrospectiva dos processos clínicos. Com base nos Grupos de Diagnóstico Homogéneo (G.D.H) e com o auxílio dos cardiologistas, foram identificados 62 indivíduos, sendo posteriormente excluídos 6 casos em que existia afectação predominante de outra válvula que não a mitral. Resultados: A prevalência de pacientes com EM (residentes no distrito da Guarda e seguidos no HSM) é de 27,8 casos por 100 000 habitantes. 89% são do sexo feminino e 63% apresentam fibrilhação auricular (FA). Ecocardiograficamente, a aurícula esquerda está aumentada em 91,3% dos indivíduos, 82,9% apresentam uma pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) >35 mmHg, e 42,2%, 53,3% e 4,4% têm uma área mitral >1,5 cm2, 1,0‐1,5 cm2 e <1 cm2, respectivamente. Nos pacientes que foram submetidos ao tratamento correctivo da EM, a idade média da primeira intervenção foi de 56 anos, tendo realizado: comissurotomia e/ou valvuloplastia mitral (22 pacientes), substituição da válvula mitral por prótese (4 pacientes), e apenas 2 doentes foram submetidos a valvuloplastia com balão de Ynoue (BMV). Todos apresentavam limitação funcional de II‐III/IV (New York Heart Association) e PSAP> 35mmHg. Foram 6 os pacientes reintervencionados, em média cerca de 20 anos após o primeiro procedimento. Conclusão: Existe um elevado número de casos de EM no distrito da Guarda, afectando maioritariamente o sexo feminino, e com FA e hipertensão pulmonar associada. A BMV é uma técnica pouco utilizada, sendo realizada preferencialmente a comissurotomia e/ou a valvuloplastia.
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