Resumo: | Ao longo das últimas décadas temos assistido a grandes progressos na área da medicina, que contribuíram para a compreensão da etiologia e tratamento do cancro contribuindo para o aumento de sobreviventes de cancro pediátrico. Este deixou de ser considerado uma doença fatal, passando a enquadrar-se no grupo das doenças crónicas, sendo a sobrevivência entendida como um período que não é isento de situações potencialmente complexas, e que é determinado pela forma como o doente e a sua família se adaptaram à situação de sobrevivência. O objectivo geral desta pesquisa consistiu em conhecer segundo uma abordagem metodológica de estudos de caso, a vivência subjectiva dos sobreviventes de cancro pediátrico no seu processo de doença e reinserção social. Foram identificadas as percepções dos sujeitos sobre o quotidiano, no hospital aquando da sua doença, na família, na vida social, e na relação com o meio exterior. Para concretizar este estudo, optou-se pelo método qualitativo. Participaram oito sobreviventes de cancro pediátrico, entre os 23 e os 53 anos. Foi efectuada uma entrevista, semiestruturada constituída por 3 dimensões baseada nos objectivos. Em relação aos resultados salienta-se que os sobreviventes convivem relativamente bem com a sobrevivência, embora as memórias sobre o diagnóstico e os tratamentos estejam muito presentes, isso é revelado com muita mágoa e alguma revolta; as implicações da doença nas várias dimensões da vida pessoal e familiar ao longo de todo o processo; preocupação com a integração escolar e social; ocultação da doença e revolta relativamente à representação social do cancro; o conceito e as crenças relativamente à cura e à sobrevivência; revelaram a importância do seu testemunho para a desmistificação do cancro pediátrico.
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