A mamoa da Charneca das Vinhas (Vila Velha de Rodão)

Em 2000–2001 foi efectuada a escavação arqueológica da mamoa da Charneca das Vinhas, por determinação do Instituto Português de Arqueologia, na sequência de um alerta lançado pela Associação de Estudos do Alto Tejo quanto ao risco da sua destruição por povoamento florestal. o monumento situa-se a 35...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Cardoso, João Luís (author)
Other Authors: Caninas, João Carlos (author), Henriques, Francisco (author)
Format: article
Language:por
Published: 2013
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.2/2353
Country:Portugal
Oai:oai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/2353
Description
Summary:Em 2000–2001 foi efectuada a escavação arqueológica da mamoa da Charneca das Vinhas, por determinação do Instituto Português de Arqueologia, na sequência de um alerta lançado pela Associação de Estudos do Alto Tejo quanto ao risco da sua destruição por povoamento florestal. o monumento situa-se a 359 m de altitude, em posição sobranceira ao vale do Tejo, no bordo de um trecho da superfície culminante, em forma de mesa, da Formação de Falagueira, consistindo em arenitos e conglomerados do Placenciano-Gelasiano (pliocénico). Esta formação assenta por discordância angular em rochas metamórficas argilificadas do Grupo das Beiras (Pré-câmbrico e Câmbrico). a mamoa da Charneca das Vinhas é um pequeno tumulus com cerca de 11 m de diâmetro e menos de 1 m de altura. a escavação arqueológica revelou estrutura maioritariamente constituída por material areno-argiloso, capeada com uma couraça pétrea (metagrauvaques, filitos, quartzo e quartzito), dispondo de um anel de contenção periférica e tendo no interior uma câmara de planta indeterminada, de que restou um único esteio completo, e um provável corredor com trecho final subaéreo. o conjunto artefactual recolhido no decurso da intervenção, numeroso e diversificado do ponto de vista tipológico, ocupava maioritariamente a câmara, a parte final do corredor e a zona adjacente a entrada no monumento, voltada a SE. A cerâmica e o item mais representativo, logo seguida, em termos quantitativos, pelas pontas de seta, sendo estas exclusivamente de base côncava. A cerâmica, embora com larga repartição pelo espaço investigado, parece concentrar-se na câmara, enquanto os elementos de pedra lascada, sobretudo pontas de seta e laminas/lamelas, dominam os sectores adjacentes a entrada do monumento. os instrumentos de pedra polida, tal como as pecas afeiçoadas (dormentes e moventes de mos manuais), estão escassamente representados e ocorrem sobretudo no exterior do monumento. Este espolio indica que o monumento foi construído no decurso do Calcolítico e evidencia comercio trans-regional principalmente com a região do Baixo Tejo, e Alto Alentejo, indicando que este território ocupou uma posição chave na rota do Rio Tejo, entre a região da Estremadura, na parte ocidental da Península, e a parte sul da Meseta.