Summary: | Numa Europa cada vez mais miscigenada culturalmente e cada vez mais competitiva a nível do mercado de trabalho nas mais diversas áreas, o conhecimento de línguas é, indiscutivelmente, uma mais-valia no currículo de qualquer indivíduo. A aprendizagem de uma língua, seja materna, segunda ou estrangeira, engloba quatro domínios ou competências nucleares: a leitura, a escrita, a oralidade e o funcionamento da língua. Os estudos desenvolvidos nas últimas décadas, no âmbito da exploração da gramática nas aulas de línguas, permitem-nos concluir acerca da importância e contributo da mesma para um melhor desempenho comunicativo. Apesar de se ter verificado uma certa rejeição da gramática nas aulas de Português durante as últimas décadas do século XX, e tendo em consideração as consequências negativas em termos de resultados escolares resultantes dessa subvalorização, especialistas na matéria opinam que, efetivamente, esta competência é preponderante para o aperfeiçoamento das competências da leitura, da escrita e da oralidade. O manual escolar é, desde há décadas, o recurso didático a que se recorre mais frequentemente em contexto sala de aula. Porém, nem todos os manuais escolares se encontram ao serviço dos pressupostos dos programas disciplinares oficiais e constatámos ainda que, alguns deles, não selecionam sequer todos os conteúdos discriminados nestes documentos reguladores da prática pedagógica. É, de facto, uma tarefa bastante complexa aquela que consiste na análise dos manuais escolares existentes no mercado para posterior adoção do(s) melhor(es) pelos docentes das disciplinas, uma vez que serão esses manuais que ditarão, muitas vezes, o sucesso ou insucesso dos docentes que os defendem, mas também o dos discentes, que neles confiam ao longo do seu estudo. Neste sentido, centrámos a nossa investigação nas abordagens linguístico-didáticas que dois dos manuais de Português, língua materna, e dois dos manuais de Inglês, língua estrangeira (do 8º ano de escolaridade, existentes no mercado atualmente) sugerem ao nível dos conteúdos relacionados com o verbo, um dos itens gramaticais fulcrais e preponderantes no ensino-aprendizagem das línguas. Assim, propomos uma análise das atividades neles contidas, segundo critérios por nós definidos (pertinência e utilidade em função dos conteúdos gramaticais selecionados pelos programas oficiais das disciplinas em questão; adequação ou inadequação, atendendo às capacidades cognitivas e à idade dos alunos; correção científica; contributo dos exercícios para o desenvolvimento das restantes competências nucleares). Este trabalho de análise permitiu-nos constatar que os manuais apresentam propostas divergentes entre si, as quais nem sempre visam o cumprimento integral dos programas oficiais. Verificámos, também, que algumas das propostas integram abordagens insuficientes ou pouco eficazes dos conteúdos selecionados e que as mesmas poderiam ser mais diversificadas e completas. Por fim, concluímos que raramente se procura aliar a prática da gramática, em concreto ao nível do verbo, ao treino das restantes competências nucleares, o que, a nosso ver, constitui uma falha que se deverá procurar colmatar através de estratégias alternativas, uma vez que acreditamos que o objetivo principal da prática da gramática deverá ser o aperfeiçoamento da escrita, da leitura e da oralidade.
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