O caderno vaivém enquanto estratégia pedagógica:um estudo etnometodológico sobre trajectos de participação parental, numa escola básica 2/3, situada em meio operário.

O presente texto resulta de uma pesquisa1 que visou estudar a relação entre a escola e a família numa escola básica de 2º e 3º ciclos, pública, localizada em meio operário, designadamente os trajectos de participação parental e a possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa....

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Sousa, Maria (author)
Format: article
Language:por
Published: 2010
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.15/210
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ipsantarem.pt:10400.15/210
Description
Summary:O presente texto resulta de uma pesquisa1 que visou estudar a relação entre a escola e a família numa escola básica de 2º e 3º ciclos, pública, localizada em meio operário, designadamente os trajectos de participação parental e a possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Trata-se de um meio caracterizado pela heterogeneidade cultural e pela descontinuidade em relação à cultura escolar, em que é visível a complexidade das relações entre actores intervenientes no processo educativo, nomeadamente entre pais e/ou encarregados de educação e docentes. A temática em estudo foi alvo de pesquisa em investigações de especialistas nacionais e estrangeiros. Sendo os pais sujeitos com legitimidade jurídica, parte integrante de um mesmo processo denominado educativo, tentou-se investigar, através do método etnometodológico, com incidência na análise de discursos parentais, em registo escrito, recolhidos em trabalho de campo, os trajectos de participação parental na escola, no contexto supracitado, e as implicações destas formas de comunicação informal na participação parental e a (im)possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Através deste estudo, que exigiria mais tempo para um maior aprofundamento, chegou-se a algumas constatações, quanto à participação parental em meios de descontinuidade cultural face à escola e aos obstáculos que impedem essa interacção. Para que a participação dos pais se torne viável torna-se necessário: uma mediação activa entre a escola e a família; a valorização da epistemologia da escuta e a criação de espaços e tempos para dar lugar às narratividades parentais, bem como práticas de conhecimento e de enquadramento contextual local. Uma outra constatação notória: no estudo realizado não há afastamento dos pais da escola, nem a classe social a que estes pertencem impediu a existência de determinados tipos de participação parental; há, sim, formas diferentes de vinculação destes à escola, que a escola desconhece, revelando não estar preparada para lidar com a diversidade parental, não sendo permeável à heterogeneidade cultural local. A escola gera, nos processos de categorização interna que faz dos pais, processos de inclusão ou de exclusão, que, por sua vez, desencadeiam atitudes de auto-exclusão por parte daqueles com os quais não está interessada em se relacionar. Ser considerado membro da comunidade da escola, sendo acto legítimo, não é um acto natural: a categorização de membro é feita com base no capital cultural ou linguístico de que os pais são portadores. - The current paper is the result of a research which aimed to study the relationship between school and family in a middle school (5th through 9th grades), located in a working class area, focusing on the trajectories of parent participation and the possibility of parents becoming members of the local educative community. It is a milieu characterized by cultural heterogeneity and the discontinuity towards school culture and where it is visible the complexity of relationships among the social actors who interpret the educational process, in particular parents and teachers. Having in mind that parents are subjects with juridical legitimacy and part of a process labelled educative, the author tried to study – through an ethnomethodological approach, focusing on parental discourse, collected in written form during fieldwork – the trajectories of parent participation in school, within the above mentioned context, and the implication of the ways of informal communication in parent participation as well as the (im)possibility of parents becoming members of the educative community. Through this study, that would demand more time for a deeper understanding, the author arrived to some findings about parent participation in a context of cultural discontinuity towards school and about the obstacles that prevent that interaction. In order to make parent participation possible, it is needed an active mediation between school and family, as well as valuing the epistemology of listening and the creation of times and spaces that allow parent narratives, framed by practices of local, contextual, knowledge. Another important insight: the research does not show a separation of parents from school, nor does the social class background prevent the existence of certain types of parent participation; there are, indeed, different kinds of links between parents and schools that keep unknown from this one, revealing, thus, that school is not prepared to deal with parent diversity and is not permeable to local cultural heterogeneity. School generates, within the internal procedures of parent categorization, processes of inclusion or exclusion, which, at the same time, trigger self-exclusion attitudes from those it is not interested to relate with. To be considered as a member of the school community, being itself a legitimate act, it is not a natural act: the categorization of membership is done on the basis of the cultural or linguistic capital of which parents are bearers.