Summary: | As neoplasias urológicas, nomeadamente o cancro da bexiga, são muito comuns em países ocidentais e a sua incidência tem vindo a aumentar. Em 2013, registaram-se 2,1 milhões de novos casos, e as mortes associadas aumentaram cerca de 1,6 vezes desde 1990. Apesar dos avanços recentes na terapêutica destes tumores, existe ainda a necessidade de ferramentas de diagnóstico precoce, assim como testes não invasivos e de baixo custo para o seu rastreio e vigilância atempada e precisa, de forma a otimizar os resultados dos tratamentos. Neste contexto, os marcadores moleculares agregam um grande potencial no suporte da decisão clínica. Embora se recorra ao PSA como marcador de diagnóstico e auxiliar de recidiva de cancro da próstata, este ainda possui algumas limitações na sua aplicabilidade clínica. No caso do cancro da bexiga, ainda é necessário um biomarcador de rotina, e, dada a sua elevada taxa de recorrência, o seguimento é realizado por citoscopia, um exame caro e que exige muitos recursos, tornando-o o cancro mais caro para tratar por cada caso incidente. Deste modo, os ácidos nucleicos detetados em fluidos biológicos podem fornecer informação acerca do tumor e proporcionar uma fonte acessível de material tumoral. Vários estudos indicam que estes ácidos nucleicos advêm de processos de morte de células tumorais. Estudos recentes têm evidenciado o potencial da deteção de DNA circulante no sangue periférico de doentes oncológicos, mas a literatura acerca do seu potencial uso na urina de doentes com cancros urológicos é escassa. Enquanto que o sangue é naturalmente homeostático, a amostra de urina tende a refletir alterações no seu ambiente, e pode ser obtida através de procedimentos não invasivos. O objetivo deste estudo consistiu na aplicação de um teste simples, que pudesse ser utilizado como ferramenta de diagnóstico complementar não invasiva. Para tal, estudaram-se 36 doentes com cancro da bexiga e 40 indivíduos-controlo. O DNA livre foi extraído de urina e plasma com recurso a um kit comercial, e quantificaram-se os seus níveis, através da amplificação do gene hTERT, pela metodologia de PCR em tempo real. Os resultados foram sujeitos à análise estatística apropriada. Os resultados obtidos permitem observar um aumento de [ucfDNA] com o avançar do estadio tumoral, bem como uma concentração elevada de cfDNA no estadio T2. Apesar de não possuírem significância estatística, estes resultados são promissores, uma vez que poderá ser possível obter informação mais rápida, precisa e de modo mais inócuo do que a obtida pelos métodos atuais. Para validar estas descobertas, seria necessário ampliar a amostra, de um modo a obter uma maior representação de cada um dos estadios da doença.
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