Toxicidade de resíduos resultantes da abrasão de tintas aplicadas em estruturas marítimas

A aplicação de revestimentos protetores em estruturas marítimas total ou parcialmente imersas em água (ex. navios) é, historicamente, a técnica mais utilizada para fins de conservação e proteção das mesmas contra as condições agressivas da água do mar. No entanto, ao longo da vida útil das estrutura...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Malheiro, Alceu Trofino Tomás (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/22049
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/22049
Description
Summary:A aplicação de revestimentos protetores em estruturas marítimas total ou parcialmente imersas em água (ex. navios) é, historicamente, a técnica mais utilizada para fins de conservação e proteção das mesmas contra as condições agressivas da água do mar. No entanto, ao longo da vida útil das estruturas é necessário proceder à renovação/substituição cíclica dos revestimentos devido à diminuição da eficácia dos revestimentos com o passar do tempo. No momento da manutenção, reparação e desmantelamento de cada embarcação, são geradas grandes quantidades de resíduos de tinta nos estaleiros (ou em fábricas especializadas). Pese embora exista forte regulamentação para garantir a eliminação adequada e segura desses resíduos tóxicos, quantidades apreciáveis de pós e resíduos podem acabar no fundo dos rios, estuários ou mares, devido principalmente à ação do vento ou da chuva, com efeitos imprevisíveis e praticamente desconhecidos na vida selvagem. Por conseguinte, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos dos resíduos de tintas, recolhidas no campo (doca seca da Navalria, Aveiro) e preparadas em laboratório, testando a sua toxicidade em duas espécies estuarinas representativas da Ria de Aveiro (Portugal): o crustáceo Corophium multisetosum e o poliqueta Hediste diversicolor. No laboratório foram preparados seis tipos de resíduos provenientes de revestimentos comerciais: dois revestimentos anti-corrosão, dois acabamentos (barreira protetora adicional) e duas bi-camadas (compostas por um revestimento anti-corrosão e um acabamento). Uma vez que a composição química dos resíduos da doca seca era totalmente desconhecida e as folhas de segurança das tintas utilizadas no laboratório não contêm informações sobre a toxicidade das mesmas como um todo e sobre a composição de todos os componentes (ex. material de carga), decidiu-se caraterizar todos os resíduos em termos de morfologia, estrutura e composição. Foram empregues técnicas de espectroscopia de infravermelhos com transformada de Fourier (FTIR), microscopia eletrónica de varrimento (MEV) com espectroscopia de dispersão de energia (EDS) e difração de raios X (DRX). Contrariamente aos resultados observados com os poliquetas, verificou-se uma clara dose-resposta na exposição dos anfípodes a todos os resíduos de tintas (laboratoriais ou de campo), o que sugere uma associação entre a toxicidade, ecologia da espécie e as propriedades estruturais, morfológicas e composicionais dos resíduos das tintas. As análises de FTIR, MEV-EDS e DRX aos resíduos das tintas comerciais utilizadas no presente estudo revelaram a presença de cargas minerais (ex. aluminosilicatos; carbonatos), óxidos de titânio e ferro, entre outros ingredientes usualmente considerados inertes associados à componente de “carga” e pigmentos da tinta. O material recolhido junto à Navalria apresenta como principal diferença composicional face aos demais revestimentos testados em laboratório, sinais de Cu na sua composição que deverá estar associado à presença de resíduos de tintas anti-vegetativas.