Macau. A administração do território e as dinâmicas de desenvolvimento comunitário

A Região Administrativa Especial de Macau foi instituída a 20 de Dezembro de 1999. A liberalização do sector do jogo, no final de 2001, impulsionou ainda mais a já impressionante dinâmica de crescimento económico - entre 1999 e 2005, o PIB cresceu cerca de 96%. O padrão de desenvolvimento económico,...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Mateus, Susana dos Santos Cabrita (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2008
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10071/749
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/749
Descrição
Resumo:A Região Administrativa Especial de Macau foi instituída a 20 de Dezembro de 1999. A liberalização do sector do jogo, no final de 2001, impulsionou ainda mais a já impressionante dinâmica de crescimento económico - entre 1999 e 2005, o PIB cresceu cerca de 96%. O padrão de desenvolvimento económico, aliado ao facto das relações de trabalho serem reguladas por um diploma penalizador dos trabalhadores, tem-se traduzido em desigualdades sociais e num crescimento especulativo e desordenado. Apesar das melhorias registadas no nível de vida médio da população, o colossal aumento populacional (107%, entre 1981 e 2006) gerou uma pressão maior sobre os equipamentos e infraestruturas urbanas, deteriorando a qualidade de vida. Esta situação faz prever o surgimento de novos tipos de procura sócio-jurídica, a exigir novas respostas. O associativismo em Macau é extremamente rico e diversificado e um produto da longa tradição confucionista que privilegia o grupo e as relações de interdependência entre as pessoas. Nos últimos sete anos as associações em Macau multiplicaram-se a um ritmo impressionante – foram criadas, em média, 258 associações por ano, o que não consubstancia, necessária e exclusivamente, um processo de empowerment, mas o subterfúgio encontrado pelo sector político e pelos grupos económicos para eleger, por sufrágio indirecto, deputados à Assembleia Legislativa. Este trabalho permitiu concluir que o défice democrático no funcionamento do Estado, a sua acção centralizadora, a atitude de liderança das instituições públicas, a atitude paternalista dos dirigentes das associações, a existência de uma cultura de subserviência e a fortíssima dependência das estruturas associativas dos subsídios estatais, levam a que não seja possível desenvolver novos mecanismos de governância e a que, em última análise, as organizações de Economia Social tenham em Macau um funcionamento um pouco sui generis, o que condiciona o processo de empowerment das populações e impede o surgimento de iniciativas de desenvolvimento local. Isto não significa que não haja um tímido processo de self-empowerment em curso. Algumas organizações comunitárias, com larga tradição histórica em Macau, são disto um exemplo, mas também o são as associações cívicas, as organizações políticas e os movimentos populares de protesto que, nos últimos anos, se têm tornado mais frequentes e participados.