Summary: | O objectivo deste estudo foi analisar a relação entre as conceptualizações infantis sobre a linguagem escrita e a estabilidade gráfica das produções escritas de crianças de idade pré-escolar em dois momentos consecutivos. Também pretendemos avaliar em que medida a utilização do computador pode aumentar o número de letras correctamente mobilizadas comparativamente a utilização de escrita cursiva. Participaram 90 crianças de quatro jardins-de-infância de Lisboa. As crianças eram equivalentes quanto a idade, inteligência e número de letras que conheciam e diferiam no nível conceptual sobre a escrita. Foram criados 3 grupos experimentais (n=30) definidos em função do nível conceptual (Alves Martins, 1996): silábico com fonetizarão, silábico-alfabético e alfabético. Os participantes escreveram uma mesma lista de palavras em momentos consecutivos (cursiva e computador) e compararam-se os pares de palavras produzidos e o numero de letras correctamente mobilizadas na escrita das palavras em cada um dos momentos. As crianças silábicas com fonetizarão e alfabéticas apresentaram maior número de pares de palavras escritas com identidade total (pares cuja semelhança entre as palavras produzidas em dois momentos de escrita e total). Os pares de produções escritas com alternância grafo-fonética (pares cuja a semelhança entre as palavras produzidas nos dois momentos de escrita e próxima, ou seja, existem letras que se repetem nos dois momentos de produção, embora se verifiquem variações na mobilização de pelo menos uma letra pertinente entre os pares) foram mais frequentes nos participantes do nível conceptual silábico- -alfabético. Os resultados indicam que o numero de letras correctamente mobilizadas nas escritas infantis e superior quando a escrita e realizada no computador e que os pares com alternâncias grafo- -fonéticas questionam a ideia de um desenvolvimento linear na apropriação por parte das crianças da logica alfabética subjacente a codificação escrita.
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