Summary: | “Esta investigação pretende observar de que modo a ‘portugalidade’ pontua a construção da lusofonia. O conceito ‘portugalidade’ decorre de uma lógica estado-novista para que as ex-colónias fossem vistas pela ONU não como territórios autónomos, mas como parte integrante do território português, enquanto províncias ultramarinas, o que passou a ser corroborado, a partir de 1951, pelo discurso parlamentar da Assembleia Nacional, na sequência da revogação do Ato Colonial. Toda essa estratégia visava combater os movimentos independentistas que emergiam nas antigas colónias, defendendo a pertença desses territórios a Portugal, por via do seu ‘destino histórico’. Esse desiderato seria sublinhado no discurso político da ‘portugalidade’, com a assunção de Portugal como um país uno e indivisível, o que era consubstanciado através do slogan “Portugal do Minho a Timor”. Com o fim da II Guerra Mundial, desmoronou-se a maior parte dos impérios coloniais, no entanto, no caso português, o propalado e mitificado ‘império’ prolongar-se-ia por mais três décadas. De que forma é que toda essa dinâmica se refletiu, eventualmente, na criação da lusofonia? Será possível encarar a lusofonia centrada em Portugal, como produto da ‘portugalidade’? Numa altura em que a globalização esbate fronteiras e dilui eventuais singularidades identitárias, permitindo que se promovam relações multiculturais e/ou interculturais, essa lógica não assentará num contrassenso?” [Contracapa]
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