Resumo: | A sustentabilidade é um tema de ampla discussão nos dias de hoje, muito motivado pelos impactos negativos que as diversas atividades humanas provocam no meio ambiente. A sustentabilidade pode ser entendida como a capacidade do ser humano interagir no mundo, preservando o meio ambiente, de modo a não comprometer a disponibilidade de recursos naturais para as gerações futuras. A sustentabilidade deve ser analisada recorrendo ao estudo de diversas variáveis interdependentes, pois integra, entre outros aspetos, questões ambientais, económicas e sociais. Nos países industrializados, cerca de 30 a 40% dos seus recursos naturais são usados no setor da construção, logo é relevante analisar este setor do ponto de vista da sustentabilidade. Este é um setor que consome de forma intensiva um vasto conjunto de recursos naturais, materiais e energia. Trata-se, contudo, de um setor importantíssimo para a economia de qualquer país, pois, além de ser gerador de empregos diretos, impulsiona indiretamente vários setores de atividade. A análise emergética é uma metodologia que permite quantificar e comparar todos os recursos necessários para produzir um determinado bem ou serviço, considerando todas as transformações energéticas que deram origem ao mesmo. Para isso, todos os recursos, naturais e económicos, são convertidos numa unidade única, o joule de energia solar (sej). Da avaliação emergética resulta uma série de índices que caracterizam um sistema em termos energéticos, ambientais e económicos e avaliam a sua sustentabilidade. Este trabalho consiste na avaliação emergética de soluções construtivas em madeira, para o mercado residencial, especificamente de construções do tipo estrutura ligeira e do tipo troncos de madeira. Da análise efetuada resultou um conjunto de valores e índices emergéticos, sendo que os mais relevantes e mais facilmente comparáveis com os de trabalhos de outros autores são o fluxo anual de emergia, a emergia total por unidade de área e a emergia total por unidade de volume. Os valores obtidos foram: para a construção do tipo estrutura ligeira, 1,43E+17 sej, 1,55E+15 sej/m2 e 5,75E+14 sej/m3, respetivamente; e, para a solução construtiva em tipo troncos de madeira, 1,38E+17 sej, 1,50E+15 sej/m2 e 5,54E+14 sej/m3, respetivamente. Pode-se concluir que a solução construtiva do tipo trocos de madeira é menos onerosa em termos ambientais e mais eficiente no uso de recursos do que a construção do tipo estrutura ligeira. Os resultados obtidos são consistentes com os da literatura e contribuem para aumentar a base de dados de referência para análises emergéticas e promover a aplicação da metodologia na análise de sistemas, em particular no setor da construção.
|