Resumo: | As discussões atuais no âmbito da cidadania propõem um afastamento de visões restritas direitos/deveres, para permitir a inclusão de grupos sociais e etários dela afastados. Ideias de inclusão e exclusão, de esferas públicas e privadas e de exercícios diversos e distintos de cidadania, são centrais para a compreensão das cidadanias complexas. As crianças e jovens como grupos votados a exclusões sistemáticas de exercícios de cidadania - particularmente visíveis em esferas públicas da vida social - suscitam interesses investigativos, enquanto ausentes de um estatuto pleno. Reguladas por modos de controlo distantes dos seus contextos diários, as crianças dificilmente acedem a oportunidades concretas de participação política, de auscultação sobre assuntos da sua importância, de participarem em tomadas de decisão. A ideia de cidadania enquanto pressuposto de fazer parte de, é distante da de Infância. As relações de poder entre adultos e crianças, as assunções acerca das suas incompetências para o fazerem parecem justificar esse afastamento. A investigação analisou as perspetivas de crianças e jovens, acerca das suas competências de participação em processos de co decisão política, a partir de instrumentos de participação desenhados em contexto de poder local. Assumir-se-á a ideia de reconhecimento enquanto coletivo e em esfera pública como crucial para a ideia da criança cidadã. A partir de metodologias de caráter qualitativo, da observação de Assembleias Municipais Jovens, da realização de entrevistas com crianças e jovens, apontar-se-ão ideias centrais, como a de competências de decisão, priorização, influência, de crianças e jovens, apontando uma lógica de reciprocidade e interdependência entre crianças e jovens.
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