Relação médico-paciente em doentes com multimorbilidade

Introdução: Em Portugal, mais de 70% dos utentes das consultas de Medicina Geral e Familiar tem multimorbilidade, definida como a coexistência de duas ou mais doenças crónicas na mesma pessoa. Na abordagem destes doentes, a comunicação cuidada e a relação médico-paciente são fatores preponderantes p...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rodrigues, Beatriz de Almeida e (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.6/10679
Country:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/10679
Description
Summary:Introdução: Em Portugal, mais de 70% dos utentes das consultas de Medicina Geral e Familiar tem multimorbilidade, definida como a coexistência de duas ou mais doenças crónicas na mesma pessoa. Na abordagem destes doentes, a comunicação cuidada e a relação médico-paciente são fatores preponderantes para o sucesso terapêutico. A empatia, a capacitação do doente e a satisfação com o conhecimento obtido através do médico sobre as suas doenças contribuem para a construção desta relação e permitem uma melhor qualidade dos cuidados prestados e melhores resultados clínicos. Objetivo: Descrever a relação médico-paciente em doentes com multimorbilidade que frequentam consultas de Medicina Geral e Familiar, avaliando a empatia médica percecionada pelo doente, a sua capacitação e a satisfação com o conhecimento obtido sobre as suas doenças através do médico. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional, descritivo e transversal numa amostra de conveniência em 4 instituições sociais. Aplicou-se um questionário sociodemográfico e clínico para caracterizar a amostra, a “Jefferson Scale of Patient Perceptions of Physician Empathy” para avaliar a empatia médica percecionada, o “Patient Enablement Instrument” para analisar a capacitação dos doentes e a Escala de Conhecimento da Doença para averiguar a satisfação com as informações obtidas sobre as suas doenças. Resultados: A amostra foi constituída por 115 doentes, dos quais a maioria era do género feminino, tomava mais de 5 medicamentos por dia e tinha o ensino básico. Na “Jefferson Scale of Patient Perceptions of Physician Empathy” a média de respostas de cada afirmação foi sempre superior a 5 (em 7), no “Patient Enablement Instrument” a resposta mais dada em todas as questões foi “Melhor/Mais” e na Escala de Conhecimento da Doença a maioria sabe o necessário sobre as suas doenças. A comparação entre as diferentes escalas e as variáveis sociodemográficas demonstrou uma tendência positiva significativa entre a capacitação do doente e a sua satisfação com as informações obtidas segundo o grau de escolaridade. Constatou-se ainda que as 3 escalas se correlacionam entre si positivamente. Conclusão: A elevada perceção da empatia médica, o maior grau de capacitação após as consultas e a satisfação com a informação obtida sobre as suas doenças, permitiram concluir que os doentes com multimorbilidade consideram ter uma boa relação com o seu médico de família. A melhoria desta relação é essencial na gestão da multimorbilidade, permitindo um acompanhamento centrado no paciente e a prestação dos melhores cuidados de saúde possíveis.