Resumo: | Em 1994, no âmbito da Capital Europeia da Cultura, ensaiei uma abordagem à história da Arqueologia do sítio de Lisboa, identificando então o que me pareciam ser as principais etapas da história da atividade e os principais constrangimentos e bloqueios. Vinte e um anos passados, a atividade arqueológica mudou muito, bem como o seu quadro legal e institucional. A Arqueologia do sítio de Lisboa cresceu exponencialmente, como cresceu também a sua visibilidade pública e os desafios que a dinâmica da cidade lhe impôs. Ensaia-se agora um novo balanço crítico da Arqueologia do sítio de Lisboa nos últimos vinte e um anos, identificando o que me parecem ser os seus principais problemas: uma ação mais reativa do que preditiva, com evidentes consequências / danos patrimoniais; uma excessiva fragmentação dos agentes de intervenção, sem uma efetiva coordenação e centralização da informação; uma evidente dificuldade em inscrever os seus resultados na renovação do conhecimento histórico da urbe; uma notória incapacidade para potenciar os bens patrimoniais gerados pelas distintas intervenções. A cidade multicultural e trimilenária, ponto de cruzamento entre Mediterrâneo e Atlântico, porta de saída da Europa para o mundo e de entrada do mundo na Europa, que a atividade arqueológica reiteradamente identifica, não se inscreve de todo no “bilhete-postal” de Lisboa.
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