Resumo: | O presente trabalho incidiu na aplicação de técnicas moleculares na monitorização da biodiversidade microbiológica num processo de lamas activadas, de uma estação municipal de tratamento de águas residuais (ETAR). A técnica molecular de hibridização in situ de fluorescência (FISH) foi optimizada para a identificação de algumas bactérias fialmentosas, causadoras de “bulking” e “foaming”. A informação obtida a partir da técnica de FISH foi comparada com as técnicas clássicas de identificação, baseadas em descrições morfológicas e resposta a colorações de Gram e Neisser. Foram avaliadas as limitações inerentes a cada uma das técnicas com vista à sua potencial aplicação de uma forma rotineira em ETAR’s. Os dados de operação da ETAR foram relacionados com a biodiversidade microbiana e calculou-se o Índice Biológico de Lamas (IBL), de forma a complementar a informação a nível da actividade biológica e eficácia depuradora da ETAR. As técnicas clássicas baseadas nas colorações revelaram-se de fácil aplicação e de rápida implementação, apesar das limitações encontradas, a nível da subjectividade da observação e das variações de reacção à coloração originadas pelos factores ambientais inerentes. Para além das limitações referidas anteriormente, existem também algumas imprecisões nos manuais de identificação, verificando-se que estes diferem em alguns casos de autor para autor. A técnica de hibridização in situ de fluorescência permitiu a identificação de bactérias filamentosas num ambiente complexo, como o caso das lamas activadas, apesar de algumas dificuldades sentidas. A principal teve a ver com a escolha das sondas e com a optimização das condições de hibridização específicas para cada sonda. Inicialmente foram testadas cinco sondas: HHY, GOR0596, MPA645, CHL1851, EUB338 específicas respectivamente das bactérias Haliscomenobacter hydrossis, Gordona, Microthrix parvicella, Tipo 1851 e maior parte do domínio bactéria. Mais tarde, devido à ausência de resultados com a sonda GOR0596, foi testada uma nova sonda (MNP1), específica para a maior parte dos Nocardioformes. A utilização da MPA645 não permitiu a visualização dos filamentos de Microthrix parvicella, mesmo depois de aumentada a permeabilidade das células através de pré-tratamentos com lisozima e mutanolisina. Isto sugere que esta sonda não é indicada para a identificação da Microthrix parvicella existente nas amostras analisadas. Existem outras sondas nomeadamente: a MPA60, MPA223 e MPA650 específicas para Microthrix parvicella, que em trabalhos futuros poderão ser testadas separadamente ou mesmo em conjunto. A sonda CHL1851 também não permitiu a identificação da bactéria Tipo 1851. Dado que actualmente esta é a única sonda para este tipo bacteriano, não foi possível concluir acerca da sua presença nas amostras analisadas. Outro aspecto limitante teve a ver com a qualidade das imagens adquiridas, o que possivelmente teve origem na potência da fonte de luz do microscópio de fluorescência que não era a adequada. De uma forma geral muito trabalho necessita ainda de ser desenvolvido a nível da identificação e classificação filogenética das bactérias filamentosas, de forma a permitir o desenvolvimento de novas sondas mais específicas. Do ponto de vista prático conclui-se que a técnica de FISH requer uma metodologia não muito fácil de aplicar, de uma forma rotineira, em sistemas de tratamento de água residuais. É necessário uma maior confiança no método para que se torne mais fácil a sua aplicação de uma forma sistemática.
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