Summary: | O aumento da incidência de leucemia é parcialmente explicado pela melhoria das técnicas de diagnóstico (Linet et al., 2016), mas mudanças na exposição ambiental podem explicar também este aumento (Ferreira, Couto, Alves, Oliveira, & Koifman, 2012). Em contrapartida, a mortalidade por leucemia reflete a qualidade e o acesso à terapêutica (Bertuccio et al., 2013). Comparar ocorrência de doença entre áreas geográficas é um método valorizado em saúde pública por permitir levantar hipótese sobre fatores que explicam heterogeneidade entre regiões. Objetivo: Avaliar a variabilidade na incidência e na mortalidade por leucemia em quatro países do sul da Europa culturalmente próximos (Espanha, Portugal, Grécia e Itália). Metodologia: Através da International Agency for Research on Cancer (IARC), obtiveram-se casos observados (incidentes e óbitos) e respetivas taxas (/100.000) para 2012, por género e faixa etária ("WHO (2016). Cancer mortality data base. Lyon, France: Internantional Agency for Research on Cancer. Available from "). Através de taxas da população Europeia, obtiveram-se casos esperados (incidentes e óbitos) para cada país e calculou-se a Razão Padronizada de Mortalidade (RPM) e a Razão Padronizada de Incidência (RPI) para cada país, por género e faixa etária e respetivo intervalo de confiança a 95% (IC95%) pelo teste exato de Fisher. Resultados: A incidência global padronizada observada em cada país variou de 7,9 em Portugal a 9,5 na Grécia e na Itália por 100.000 homens e de 5,0 em Espanha a 6,2 na Grécia por 100.000 mulheres. A mortalidade padronizada variou entre 3,8 em Portugal e 5,7 na Grécia e entre 2,3 em Espanha e 3,3 na Grécia por 100.000 homens e mulheres, respectivamente. O número de casos incidentes observados em Portugal é mais elevado que o esperado no grupo mais jovem, quer em homens (RPI=130,0; IC95%:97,1-170,5) quer em mulheres (RPI=144,8; IC95%:104-4;195,8) e em mulheres com 15-39 anos (RPI=138,7; IC95%:100,4-186,8). Os óbitos observados em Portugal não diferem significativamente do esperado, qualquer que seja o grupo etário ou género. Número de óbitos observados em Espanha (homens e mulheres com 0-14, 15-39 e 40-64 anos,) Itália (homens e mulheres com 0-14 anos) e Grécia (homens com 0-14 anos e mulheres com 0-14 e 40-64 anos) são significativamente inferiores ao esperado. Conclusões: De acordo com os resultados há variabilidade geográfica na incidência e mortalidade por leucemia. Diferenças na incidência por leucemia entre estes quatro países sugerem uma combinação diferenciada de fatores genéticos e ambientais de acordo com o país. Relativamente à variabilidade geográfica para a mortalidade, os resultados sugerem a necessidade de equacionar a qualidade dos serviços de saúde de cada país relativamente à capacidade de tratamento, competência clínica e equidade no acesso aos cuidados.
|