Resumo: | [Excerto] A epidemia do coronavírus veio bater à nossa porta e rapidamente se metamorfoseou em pandemia. O coronavírus não fez mais do que seguir os caminhos pelos quais os homens enveredaram. Foram eles, através dos seus incessantes e frenéticos movimentos, que o difundiram nos quatro cantos deste mundo. A resposta foi tão global quanto o foi o contágio. Seguindo à letra as recomendações da Organização Mundial da Saúde, inúmeros países decretaram o estado de emergência e impuseram medidas de contenção, nomeadamente o confinamento das populações e o distanciamento social entre pessoas. É como se os homens se tornassem estrangeiros para si próprios. Acabaram por interiorizar e incorporar nos seus hábitos estas medidas, a ponto de o contágio pelo medo se tornar mais corrosivo do que o contágio pelo próprio vírus. No entanto, a natureza social do Homem não se deixou afetar nem infetar pela ideologia reinante. O presente coronavírus não pôs fim ao que Arthur Schopenhauer chamava o «querer viver» do Homem, nem à sua «fome de pele» (López, 2020), nem mesmo à sua vontade de partilhar com os outros sentimentos comuns. [...]
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