Resumo: | O ano de 2019 ficou marcado na história da humanidade pela disseminação de uma crise de saúde pública com o surgimento do surto de Covid-19. A 2 de março de 2020 surgia o primeiro caso de infeção detetado em Portugal. À imagem do que acontecia um pouco por todo o globo, o país, assustado, confinava-se em casa. Presente na rotina dos cidadãos, e à medida que a doença infeciosa evoluía, a atuação jornalística ganhava ainda mais força. Os próprios meios de comunicação social assumiam-se como uma fonte de combate ao vírus, na tentativa de alertar a população para os perigos associados ao SARS-CoV-2. Os impactos e limitações da pandemia despertaram algumas necessidades junto da sociedade que, em eventos súbitos e agudos como este, revelam uma maior dependência dos media noticiosos. Esta dissertação objetiva identificar os padrões de consumo de notícias em Portugal durante a Covid-19, assim como compreender as preferências mediáticas das audiências; apurar a perceção do público relativamente ao papel do jornalismo em tempos de crise; e, finalmente, determinar a relação da desinformação com os indivíduos durante este período conturbado acompanhado de uma ‘infodemia’. O quadro teórico inclui, assim, uma visão geral dos efeitos da pandemia nos repertórios mediáticos e no panorama dos media, com destaque para o consumo noticioso; o papel do jornalismo e a importância da comunicação em saúde; e os desafios e medidas de combate à desinformação durante este megaevento complexo. Para responder à questão de investigação – “Quais foram os padrões de consumo de notícias em Portugal durante a Covid-19?” – utiliza-se uma metodologia quantitativa, a partir de um inquérito por questionário. O nosso corpus de análise é constituído por 416 indivíduos, com idade igual ou superior a 16 anos, e residentes em Portugal. As conclusões remetem que o atual contexto pandémico contribuiu para o aumento geral do consumo noticioso, com a imprensa digital a assumir-se como o medium dominante, contrariamente ao noticiário televisivo que surgiu em segundo plano. Ao mesmo tempo, a atuação jornalística na cobertura do vírus foi considerada negativa pelos inquiridos, numa altura em que estes foram mais vezes confrontados com a desinformação.
|