Resumo: | Mário de Sá-Carneiro e Franz Hellens: dois percursos distintos, dois escritores muito diferentes mas com algumas características semelhantes. Nos contos e novelas de Sá-Carneiro, assim como na Mélusine de Hellens, emerge, furtivamente, uma fuga à realidade que surpreende personagens, leitores e, por vezes, os próprios narradores. Assim, após uma viagem atenta pelas vivências dos autores, propõe-se, em primeiro lugar, relembrar alguns conceitos teóricos subjacentes à literatura fantástica, alicerces essenciais para melhor penetrar nas especificidades intrínsecas ao desenvolvimento de universos «surreais» em territórios portugueses e belgas. Numa segunda etapa, interessa abordar e enquadrar a ideologia de Hellens acerca das suas «realidades fantásticas», sempre numa constante procura de definição, delimitando o perímetro da sua génese e consequente amadurecimento. Torna-se intuito primordial deste trabalho cotejar as obras de Franz Hellens e Mário de Sá-Carneiro, destacando trajectórias divergentes, intercepções ou caminhos paralelos. Num terceiro e último capítulo, através de uma abordagem comparativa dos textos acima mencionados, pretende-se desvendar o poder e a imprescindibilidade dos sentidos que indiciam uma escrita do fantástico real em Mário de Sá-Carneiro e Franz Hellens.
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