Summary: | ferida diabética é considerada uma das complicações mais comuns de diabetes mellitus devido a um processo de cicatrização afetado por condições hiperglicémicas. Nos últimos anos, o número de diabéticos com feridas crónicas aumentou globalmente devido tanto à falta de medidas preventivas e de controlo, como ao desenvolvimento de bactérias resistentes a antibióticos. Desta forma, a descoberta de um tratamento eficiente tornou-se um desafio na área da saúde, onde novos curativos que incorporam agentes bioativos têm sido estudados para melhorar o processo de cicatrização. O potencial biológico dos polifenóis, bem como a sua natureza, permite-lhes ser uma alternativa eficiente em comparação aos antibióticos, dando resposta à necessidade de encontrar novas formas de tratamento de feridas crónicas. No entanto, compostos fenólicos como o ácido tânico (TA) podem apresentar algumas limitações quando direcionados para aplicações na ferida, como baixa estabilidade e consequente desempenho biológico limitado no local da ferida. Como forma de colmatar estas falhas e melhorar a libertação e o desempenho dos polifenóis, microssistemas têm sido desenvolvidos como sistemas de entrega. Como transportador de escala micrométrica, o quitosano (CS) tem demonstrado bons resultados na libertação gradual de diversos compostos, como polifenóis, devido às suas características biofuncionais excelentes. Desta forma, acredita-se que a microencapsulação tendo por base CS como material encapsulante permita a entrega e libertação controlada de TA, promovendo a sua biodisponibilidade. O objetivo deste estudo foi desenvolver e caracterizar um curativo inovador em pó, composto por TA, CS e sericina de seda (SS), com propriedades antimicrobianas e antioxidantes para o tratamento de feridas diabéticas. O TA foi encapsulado em micropartículas de CS (CMTA) por secagem por atomização, e a sua capacidade antimicrobiana e antioxidante bem como o perfil de libertação foram estudados. Para atribuir propriedades hidratantes e regenerativas ao pó final, SS foi adicionada posteriormente. Como resultado, obteve-se um rendimento satisfatório de 32% para o processo de secagem, mostrando ainda ótimos resultados para a eficiência de encapsulação (98,50%). O diâmetro obtido foi de 7,4 μm, CMTA exibiram uma morfologia esférica com concavidades na superfície externa, enquanto que micropartículas hidratadas apresentaram uma forma regular de superfície lisa com alguma tendência de aglomeração. A estabilidade térmica de CMTA foi comprovada e não foram encontradas ligações covalente entre TA e CS. Em relação às propriedades biológicas, TA encapsulado apresentou menores valores de atividade antioxidante, em comparação com TA livre em solução, devido ao seu sistema de encapsulação. No entanto, CMTA mostrou um ótimo desempenho na atividade antioxidante, para além de proteger o TA de degradação, proporcionar estabilidade biológica bem como uma libertação controlada (~0,8%). As micropartículas foram ainda bactericidas contra Staphylococcus aureus e Staphylococcus aureus resistente à meticilina. No entanto, apesar do seu potencial cicatrizante, a SS não foi um ganho para melhorar a atividade antioxidante ou antimicrobiana de CMTA. O trabalho permitiu o desenho experimental para o desenvolvimento e produção de CMTA. Acredita-se que as partículas CMTA têm potencial biológico para a entrega de TA em feridas complexas. No entanto, novos estudos devem ser realizados de modo a obter uma melhor caracterização de CMTA, como um sistema de libertação mais controlado e sustável.
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