Summary: | Numa sociedade democrática admite-se a importância do desenvolvimento do Pensamento Crítico (PC) dos cidadãos, para que estes sejam capazes de tomar decisões bem informadas, solucionar problemas e acompanhar a evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos. O ensino das ciências é uma das áreas centrais no ensino básico e como tal também responsável por formar cidadãos com capacidades para compreender o mundo que os rodeia, a si próprios e corresponder às exigências da sociedade. Neste sentido, torna-se indispensável promover o desenvolvimento de capacidades de pensamento crítico na formação dos jovens ao longo do ensino básico. No entanto, algumas investigações têm revelado que as práticas pedagógicas, os recursos didáticos utilizados pelos professores portugueses e os manuais escolares não refletem essas orientações explícitas da promoção do pensamento crítico no ensino das ciências. Neste contexto, a presente investigação tem como finalidade compilar atividades explicitamente promotoras de PC, validadas por estudos portugueses, no âmbito do ensino das ciências do 2.º CEB. Pretende-se verificar os contributos de algumas dessas atividades no uso de capacidades de PC e na construção de conhecimentos científicos de alunos deste nível de ensino. Relativamente às questões de investigação, foram formuladas duas: Quais os contributos de atividades explicitamente promotoras de pensamento crítico, validadas para o 6.º ano na área das Ciências da Natureza, para o uso das capacidades de pensamento crítico dos alunos?; e Quais os contributos das mesmas na construção de conhecimentos científicos dos alunos?. Esta investigação desenvolveu-se segundo um paradigma socio-crítico, numa perspetiva metodológica mista e com base num plano de investigação de Investigação-Ação. A implementação das atividades decorreu numa turma com 21 alunos inseridos numa escola básica do distrito de Aveiro. Na recolha de dados utilizaram-se vários instrumentos, nomeadamente listas de verificação (tendo por base a Taxonomia de Ennis), o diário do investigador, testes de levantamento de capacidades de PC (inicial e final), fichas de registo dos alunos e questionários sobre o desempenho destes. Com base nestes verificou-se que alguns alunos evidenciaram o uso de capacidades de PC. No entanto, alguns alunos manifestaram algumas dificuldades no uso de capacidades de PC das áreas da Clarificação Elementar, Inferência e Estratégias e Táticas. Relativamente à construção de conhecimentos científicos, os alunos revelaram, principalmente, algumas dificuldades em distinguir os fatores que influenciam a germinação e o crescimento de uma planta e em distinguir pesticidas de fertilizantes. Da análise dos resultados pode-se concluir que as atividades implementadas, a nível geral, contribuíram para o uso de capacidades de PC e para a (re)construção de conhecimentos científicos dos alunos. Pôde-se também concluir que as dificuldades na construção dos conhecimentos podem influenciar a potencialização das capacidades de PC e vice-versa. As atividades compiladas e implementadas afiguram-se um contributo modesto para a promoção de práticas educativas que desenvolvam intencionalmente as capacidades de PC dos alunos do 2.º CEB.
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