Resumo: | Gonçalo Amorim (n.1976) assumiu, em 2012, a direcção artística do TEP - Teatro Experimental do Porto, um colectivo de teatro fundado em 1953 e que, nos anos cinquenta, encabeçou o movimento de teatro experimental português. Por seu lado, Gonçalo Amorim é um dos mais reputados jovens encenadores portugueses. Recebeu, em 2007, o Prémio da Crítica pela sua encenação de Shopping and Fucking, de Mark Ravenhill, e em 2012, uma Menção Especial da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, pela sua encenação de A View from the Bridge, de Arthur Miller, O jogador, a partir do romance de Dostoievski, e Já passaram quantos anos, perguntou ele, de Rui Pina Coelho. Amorim tem encenado, desde 2010, vários trabalhos com este colectivo: para além dos textos já referidos, assinou: A morte de um caixeiro viajante de Arthur Miller, O dia do Santo, de John Whiting, Chove em Barcelona, de Pau Miró e, mais recentemente, Dois Pontos: Os Maias, a partir do romance de Eça de Queiroz. Estes espectáculos têm, de maneiras diferentes, interpelado a crise do capitalismo e a relação triturante dos indivíduos com as forças sistémicas do modelo capitalista, denunciando as assimetrias e as injustiças deste modelo. Nesta comunicação viso interpelar criticamente o conjunto de seis espectáculos encenados por Gonçalo Amorim no TEP entre 2010 e 2013, no contexto da produção cénica portuguesa contemporânea, e no sentido de os entender como um projecto dramatúrgico que, combinando processos de construção dramática como a escrita original, a tradução ou a adaptação, tem vindo a operar dentro dos contornos do teatro político e ensaiando uma redefinição do conceito de teatro popular.
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