Resumo: | A literatura sugere que as experiências de mau trato podem ter impacto negativo no desenvolvimento e bem-estar de uma criança ou jovem (Calheiros, 2006). Teoricamente, a forma como as crianças e os jovens lidam com as situações stressantes afigura-se como dimensão relevante para a investigação, pois permite compreender o impacto destas experiências no ajustamento adequado dos indivíduos (Compas et al., 2001). Para além disso, verifica-se que as crenças de auto-eficácia são importantes determinantes na motivação do indivíduo para ultrapassar situações adversas, sendo que estas crenças poderão facilitar ou dificultar a utilização de estratégias de "coping" adaptativas (Bandura, 1977). Apesar desta evidência o presente tópico parece, ainda, não ser muito explorado, principalmente com adolescentes (Compas et al., 2001). Com efeito, parecem também existir reduzidos esforços de investigação no que respeita ao papel mediador da auto-eficácia na relação entre as experiências de mau trato e as estratégias de "coping". No presente estudo participaram 171 jovens, sinalizados no sistema de promoção proteção de crianças e jovens em perigo, com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos (M=14.11; DP=1.78), 59.6% do sexo feminino. Os resultados revelaram efeitos de mediação estatisticamente não significativos, no entanto, foram obtidos efeitos diretos estatisticamente significativos entre as variáveis, sugerindo que diferentes experiências de mau trato podem afetar diferentemente as crenças de auto-eficácia e as estratégias de "coping". Os resultados são genericamente consistentes com a evidência empírica existente, elucidando para a necessidade de desenvolvimento de estudos que permitam contribuir para a elaboração de programas de intervenção adequados.
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