Summary: | A infância e a adolescência são períodos fulcrais do desenvolvimento cognitivo e social, em que são alicerçados os conhecimentos, as atitudes e os comportamentos que irão influenciar a saúde e a qualidade de vida dos anos vindouros. Com o presente estudo pretende-se analisar a relação entre a pertença sócio cultural e os comportamentos de saúde, em termos da alimentação, da prática de exercício físico, do consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, de um grupo de alunos de um meio rural. A principal motivação que nos levou a enveredar por esta temática, prende-se com o facto de a evolução dos padrões de saúde determinados pelos hábitos, estilos e modos de vida das populações, e pela evolução técnica, científica e organizacional, condicionar o desenvolvimento dos serviços e a prestação de cuidados de saúde a fornecer às populações e aos seus diferentes grupos constituintes. As questões de investigação incidem no domínio da inserção sócio cultural e fundamentam-se na convicção de que a vivência numa sociedade economicamente deprimida com uma fraca oferta de oportunidades profissionais, tem efeitos sobre os modos de vida com consequências para a saúde e para a decisão vocacional dos jovens. As hipóteses, formuladas com base no fundamento teórico e empírico de que a saúde pode estar relacionada com a inserção sócio cultural, expressam uma relação plausível entre a experiência subjectiva da vivência em espaço rural e outras variáveis relevantes para a sua compreensão. Foram inquiridos 164 alunos que frequentam o nono ano de escolaridade no ano lectivo 2003/2004, numa das três escolas EB 2/3 do Concelho de Baião. As principais conclusões apontam para uma dissonância entre o projecto de futuro que os pais têm para os filhos, pois aspiram a que eles ingressem no ensino superior, preferencialmente em medicina ou engenharia, quando depois os põem a trabalhar para lhes mostrar as opções da vida, mas sem que se apercebam que estão a subtrair tempo de estudo fundamental para alcançar esse objectivo. Do ponto de vista da saúde física, estes jovens em plena formação e maturação orgânica, ao desenvolverem trabalhos pesados em que a força física é necessária, em que os posicionamentos adoptados nem sempre são os mais adequados, representa prejuízos para a musculatura e para as articulações, com consequências para a saúde futura. Relativamente às práticas alimentares, podemos concluir que a alimentação é hipercalórica, muito rica em açúcares e gorduras, com prejuízo para os cereais, vegetais, fruta e leite, o que certamente terá repercussões em termos de crescimento físico, de maturação óssea e de todo o funcionamento orgânico, daí que as condições familiares e sociais em que vivem estes jovens, sejam determinantes para a sua saúde e para os seus projectos de futuro.
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