Resumo: | Os ferimentos auto-infligidos sem ideação suicida (FAISIS) são importante um problema de saúde pública, considerando o seu crescimento exponente na população adolescente (Werlang, Borges, & Fensterseifer, 2005). Os adolescentes são mais propensos a magoarem-se quando experimentam sofrimento psicológico e elevados níveis de autocriticismo (Gilbert, Clarke, Hempel, Miles, & Irons, 2004). O principal objectivo do estudo é analisar a relação entre FAISIS e o autocriticismo, em 355 adolescentes do distrito de Braga, dos13 aos 18 anos de idade. Foram utilizados os instrumentos The Risk-Taking and Self-Harm Inventory for Adolescents, o Questionário de Impulso, Auto-Dano e Ideação Suicida na Adolescência e o Forms of Self-Criticizing/Attacking and Self-Reassuring Scale. Os resultados demonstram que a taxa de prevalência dos FAISIS é elevada (20.8%, n=75), considerando o total da amostra. O método mais prevalente foi pensar coisas horríveis sobre si próprio, seguindo-se as mordidelas. A realização de FAISIS apresentou diferenças significativas em função do género, com o sexo feminino a apresentar as maiores taxas de prevalência, no RTSHIA. Relativamente ao autocriticismo, o Eu Tranquilizador foi a forma mais recorrente nos adolescentes. Os adolescentes pertencentes a casas de acolhimento residencial e escolas profissionais apresentaram maior propensão para a prática de FAISIS e para autocriticismo, comparativamente com outros contextos. Os FAISIS apresentaram uma relação significativa com o autocriticismo, indicando que o ódio e repugnância para com o self é um dos motivos pelos quais o adolescente realiza estes comportamentos. O presente estudo possibilitou um maior conhecimentos sobre a relação entre os FAISIS e o autocriticismo na adolescência, uma vez que são escassos os artigos nacionais que analisem esta relação. Também, os resultados encontrados em adolescentes de casas de acolhimento institucional e escolas profissionais remetem-nos para a necessidade de investigações futuras nesta populaçãoalvo específica, considerando os riscos psicossociais que acarretam para a prática de FAISIS.
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