Registo anual de anafilaxia em idade pediátrica num centro de Imunoalergologia

Introdução: Existe uma crescente incidência de anafilaxia, especialmente em idade pediátrica, sendo a caracterização desta entidade dificultada pelo subdiagnóstico e subnotificação. Objectivo: Determinar a frequência de anafilaxia no ambulatório de um centro de Imunoalergologia, permitindo aumentar...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Gaspar,Ângela (author)
Outros Autores: Santos,Natacha (author), Piedade,Susana (author), Santa-Marta,Cristina (author), Pires,Graça (author), Sampaio,Graça (author), Borrego,Luís Miguel (author), Arêde,Cristina (author), Morais-Almeida,Mário (author)
Formato: article
Idioma:por
Publicado em: 2014
Assuntos:
Texto completo:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212014000100005
País:Portugal
Oai:oai:scielo:S0871-97212014000100005
Descrição
Resumo:Introdução: Existe uma crescente incidência de anafilaxia, especialmente em idade pediátrica, sendo a caracterização desta entidade dificultada pelo subdiagnóstico e subnotificação. Objectivo: Determinar a frequência de anafilaxia no ambulatório de um centro de Imunoalergologia, permitindo aumentar o conhecimento sobre etiopatogenia, manifestações e abordagem clínica em crianças e adolescentes. Métodos: De 3646 doentes com menos de 18 anos observados durante o ano de 2011, incluímos aqueles com quadros de anafilaxia voluntariamente notificados pelo corpo clínico (“pelo menos um episódio de reacção sistémica grave”). Resultados: Foram notificadas 64 crianças com história de anafilaxia (prevalência de 1,8%), com idade média de 8,1±5,5 anos, dos quais 61% do género masculino. A maioria (91%) tinha antecedentes pessoais de doença alérgica, 44% com asma. A idade mediana da primeira reacção anafiláctica foi aos 3 anos (1 mês a 17 anos). Em 14 crianças o primeiro episódio ocorreu no primeiro ano de vida. A maioria teve anafilaxia induzida por alimentos (84%): leite (n=22), ovo (n=7), amendoim (n=6), frutos secos (n=6), frutos frescos (n=6), crustáceos (n=4), peixe (n=4) e trigo (n=2). Em 2 adolescentes foi reportada anafilaxia induzida por exercício dependente de alimentos. A anafilaxia induzida por fármacos ocorreu em 8%: anti-inflamatórios não esteróides (n=4) e amoxicilina (n=1). Três crianças tiveram anafilaxia induzida pelo frio, uma adolescente teve anafilaxia ao látex e síndrome látex-frutos, e uma criança teve anafilaxia com picada de insecto. A maioria (73%) não tinha diagnóstico etiológico prévio. Os sintomas mais frequentes foram mucocutâneos (94%) e respiratórios (84%), seguidos de gastrintestinais (44%) e cardiovasculares (25%); 86% tiveram início nos primeiros 30 minutos após exposição ao factor causal; 51 (80%) recorreram a serviço de urgência, sendo que apenas 33% receberam tratamento com adrenalina. Houve recorrência de anafilaxia em 26 doentes (≥3 episódios em 14 crianças). Conclusões: Na nossa população pediátrica, a principal causa de anafilaxia foi a alergia alimentar IgE mediada. A adrenalina foi subutilizada, tal como tem sido referido por outros autores. Frequentemente as crianças têm vários episódios de anafilaxia antes de serem avaliadas pelo imunoalergologista. Enfatizamos a importância de um sistema de notificação de anafilaxia e do desenvolvimento de programas educacionais de forma a melhorar as estratégias de prevenção e tratamento desta entidade potencialmente fatal.