Summary: | Nos últimos anos tem aumentado o interesse da investigação empírica pelo papel dos atletas universitários na perpetração de atos de violência sexual contra as mulheres. Estudos internacionais apontam consistentemente para a sobre representação dos atletas universitários como perpetradores frequentes de agressões sexuais nas relações de namoro. Assim, a participação atlética parece desempenhar um papel significativo na adesão a mitos socioculturais e a atitudes estereotipadas de género, assumindo-se como um importante preditor para a prática de atos sexualmente abusivos. Com este estudo exploratório procurámos analisar as diferenças entre dois grupos de estudantes universitários do sexo masculino, atletas e não atletas, quanto ao grau e tipo de crenças de tolerância/aceitação face à violência sexual no contexto das suas relações amorosas não conjugais (namoro). Para tal, utilizámos a Escala de Crenças sobre a Violação, que foi administrada a uma amostra total de 100 participantes do sexo masculino (50 atletas - praticantes de modalidades desportivas de contacto -, e 50 não atletas). Os resultados obtidos indicam que os atletas universitários não apresentam níveis globais superiores de legitimação da violência sexual na intimidade, embora evidenciem, tal como os não atletas, um nível médio superior de legitimação da violência sexual em torno do fator consentimento feminino. Este dado corrobora a asserção de que há uma dificuldade significativa em se perceber os contactos sexuais ocorridos na intimidade como podendo ser não consentidos e em se culpabilizar as mulheres pela sua ocorrência, aumentando assim a probabilidade de perpetração de atos sexuais abusivos. É, assim, importante desenvolver-se, futuramente, programas educativos de prevenção da violência sexual no namoro focados nas dimensões cognitivo-atitudinais, dirigidos à população universitária atlética.
|