Vitamina D em crianças e adolescentes com doença renal

Introdução: A vitamina D é uma hormona esteroide, conhecida pelo seu papel na regulação dos níveis corporais de cálcio e fósforo e na mineralização óssea. O seu recetor ao estar presente em vários tipos celulares indica-nos que esta hormona exerce uma ação complexa e harmoniosa sobre um grande númer...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Lagoa, Inês de Carvalho (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2019
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.26/28041
Country:Portugal
Oai:oai:comum.rcaap.pt:10400.26/28041
Description
Summary:Introdução: A vitamina D é uma hormona esteroide, conhecida pelo seu papel na regulação dos níveis corporais de cálcio e fósforo e na mineralização óssea. O seu recetor ao estar presente em vários tipos celulares indica-nos que esta hormona exerce uma ação complexa e harmoniosa sobre um grande número de mediadores biológicos, vias de sinalização, tipos celulares, órgãos e sistemas. A insuficiência renal crónica é associada a uma série de distúrbios do metabolismo mineral e ósseo e acentua a diminuição da síntese da forma ativa de vitamina D, 1,25(OH)2D. Um défice de vitamina D deve ser considerado um factor de risco complexo para inúmeras patologias. É consensual que valores de 25(OH)D <20ng/mL se traduzem em carência significativa. Objetivos: O objetivo do estudo foi correlacionar as duas formas de vitamina D, a vitamina 1,25(OH)2D e a vitamina 25(OH)D com marcadores laboratoriais da função renal, numa população pediátrica com doença renal. Pretendeu-se avaliar o défice de vitamina D e verificar a sua relação com o grau de insuficiência renal. Material e Métodos: Entre outubro de 2014 e setembro de 2015, foram recolhidas 89 de amostras de plasma de crianças e adolescentes que recorreram ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Hospital Pediátrico. As amostras foram armazenadas para posterior doseamento da vitamina 1,25(OH)2D e da vitamina 25(OH)D, sendo que a vitamina 25(OH)D foi doseada em dois momentos diferentes do ano (inverno e verão). Ambas foram doseadas com recurso ao autoanalisador e kits LIAISON®, Dia-Sorin Inc. Todos os resultados obtidos foram analisados com recurso ao software IBM-SPSS versão 22. Resultados: Nas 89 amostras avaliadas, a etiologia da doença renal era bastante heterogénea, sendo que as anomalias congénitas representavam a sua principal causa. Observou-se uma diminuição dos níveis de vitamina 25(OH)D nos indivíduos em estudo, sendo mais evidente no período de inverno, e não parecendo estar relacionada com a progressão da doença renal crónica (DRC). O declínio de vitamina 25(OH)D pareceu estar associado a um aumento da paratormona (PTH) em todos os estadios da DRC, existindo entre ambas uma correlação inversa. Por sua vez, a diminuição da taxa de filtração glomerular (TFG) pareceu estar correlacionada com os níveis de PTH mais elevados e com valores aumentados de creatinina. Não se verificou qualquer correlação entre os indivíduos que tomavam ou não suplemento de vitamina 1,25(OH)2D e os níveis plasmáticos de vitamina 25(OH)D. Porém, os indivíduos que se encontravam numa fase mais inicial da DRC apresentavam valores de 1,25(OH)2D mais elevados, apesar de serem valores médios considerados normais. Discussão e Conclusão: A deficiência em vitamina 25(OH)D na população em estudo foi ao encontro do que ocorre a nível mundial. O resultado médio do doseamento de vitamina 1,25(OH)2D foi considerado normal, no entanto em 17% das amostras, obtivemos valores abaixo de 25pg/mL, assim seria de ponderar a utilidade do seu doseamento para monitorizar a toma, nos indivíduos com IRC. A correção de níveis de vitamina D desde as idades pediátricas mais precoces poderá constituir uma das medidas mais importantes na saúde pública preventiva. As informações obtidas podem contribuir para melhorar a assistência a crianças portadoras de DR.