Resumo: | A preparação do terreno para arborizações tem sido geralmente realizada sem um criterioso planeamento baseado em resultados experimentais que permitam a utilização das técnicas mais adequadas a cada situação e que conciliem a produtividade com a sustentabilidade dos ecossistemas. No sentido de procurar dar resposta a esta problemática, foi instalado um ensaio experimental, onde se testam oito técnicas de preparação do terreno com diferentes intensidades (ligeira, intermédia e intensiva), constituídas por: (1) testemunha, sem mobilização (TSMO); (2) plantação à cova, com broca rotativa (SMPC); (3) ripagem contínua, seguida de lavoura localizada com riper equipado com aivequilhos (RCAV); (4) sem ripagem e armação do terreno em vala e cômoro com duas passagens de charrua pesada (SRVC); (5) ripagem localizada e armação do terreno em vala e cômoro com duas passagens de charrua pesada (RLVC); (6) ripagem contínua e armação do terreno em vala e cômoro com duas passagens de charrua pesada (RCVC); (7) ripagem contínua seguida de lavoura contínua (RCLC); (8) ripagem contínua seguida de lavoura contínua com charrua normal segundo o maior declive (testemunha de erosão, sem plantação) (TERO). O efeito destas técnicas foi analisado, durante um período de quatro anos após a instalação dos povoamentos, no tocante à evolução de propriedades do solo, processo erosivo do solo, armazenamento de carbono no sistema e comportamento das espécies florestais instaladas: Pseudotsuga menziesii (PM) e Castanea sativa (CS). As mobilizações ligeiras afectaram pouco as propriedades do solo em relação à situação original. Com o aumento da intensidade de mobilização observou-se uma redução da resistência do solo à penetração e da massa volúmica aparente, um aumento da espessura efectiva e diluição de nutrientes no perfil do solo, nomeadamente carbono e azoto. As modificações causadas pelas diversas técnicas de preparação do terreno aplicadas, reflectiram-se de forma evidente nas taxas de mortalidade das espécies florestais, sendo superiores a 90% nos tratamentos com mobilização ligeira (SMPC e RCAV), inferiores a 35% nos tratamentos de mobilização intermédia (SRVC e RLVC), cerca de 50% nos tratamentos de mobilização intensiva (RCVC e RCLC) e, sempre mais elevadas para a espécie PM. Os crescimentos em altura e diâmetro foram influenciados pelo tipo de tratamento. Vinte e seis meses após a instalação dos povoamentos, verificou-se que a biomassa vegetal (herbácea mais espécies florestais) tem um papel pouco relevante no armazenamento de carbono, observando-se mais de 90% do total de carbono armazenado no compartimento solo. O aumento da intensidade de mobilização conduziu a um aumento de concentração de carbono em profundidade e a uma redução do total de carbono armazenado no solo, ocorrendo na técnica de mobilização mais intensiva (RCLC) uma redução de 18% em relação à situação sem mobilização (TSMO). Os resultados obtidos no tocante aos efeitos no solo, ao comportamento das espécies e aos impactes ambientais (armazenamento de carbono e produção e qualidade do sedimento) apontam como técnicas mais adequadas às condições edafo-climáticas estudadas ou semelhantes as técnicas de preparação do terreno de intensidade intermédia atrás referenciadas como SRVC e com algumas reservas RLVC.
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