Os retornados de África : estudo de caso sobre a sua integração na Madeira

A descolonização portuguesa em África, após o 25 de Abril de 1974, deu origem ao maior êxodo de portugueses de que há memória, e um dos maiores da Europa, no contexto das migrações de retorno pós-coloniais. Estima-se que Portugal tenha recebido, entre os anos de 1974 e 1976, cerca de meio milhão de...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Souto, Odete Mendonça Henriques (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2018
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.2/7116
País:Portugal
Oai:oai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/7116
Descrição
Resumo:A descolonização portuguesa em África, após o 25 de Abril de 1974, deu origem ao maior êxodo de portugueses de que há memória, e um dos maiores da Europa, no contexto das migrações de retorno pós-coloniais. Estima-se que Portugal tenha recebido, entre os anos de 1974 e 1976, cerca de meio milhão de pessoas provenientes das ex-colónias, comummente designados como retornados. Entre estes, calcula-se que oito mil tenham vindo para a Madeira. Esta dissertação de mestrado é um estudo de caso qualitativo, de cariz exploratório, que tem como principal objetivo analisar os percursos de vida de um grupo de retornados chegados ao território madeirense, através do relato das suas vivências pessoais, procurando compreender como decorreu o seu processo de integração. Recorreu-se a diversas técnicas de pesquisa para a sua elaboração, como a análise documental e o recurso a entrevistas semiestruturadas, efetuadas a quatro informantes qualificados e vinte e três retornados. Foram examinadas a partida, trajeto, acolhimento e a existência de apoios institucionais ou outros, as dificuldades sentidas durante o processo de integração e os contextos e estratégias pessoais adotados para superá-las. Os resultados indicam que a família foi a principal base de acolhimento dos participantes no estudo, ficando inicialmente alojados em casa destes. O apoio institucional foi feito por parte da autarquia de Machico e do Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN). Este processo desenrolou-se de forma natural, com esse apoio familiar e a sua própria resiliência. As principais dificuldades de integração foram sobretudo a nível económico e cultural, superadas através do regresso à vida ativa: trabalho e estudos. É possível concluir que, apesar do drama vivido e das grandes dificuldades experienciadas, a integração dos retornados entrevistados decorreu sem perturbação social, considerando os mesmos que estão plenamente integrados na sociedade madeirense.