Resumo: | A crescente mediatização das sociedades conduziu à reorganização do espaço da ação política, fazendo com que os acontecimentos políticos funcionem enquanto rituais mediáticos. Nesta reorganização dos espaços simbólicos, os media ganham um poder crescente e, enquanto veículos de transmissão de informação, acarretam consequências ao nível das formas comunicacionais dos campos político e social. Nesse sentido, desempenham uma função de mediação entre os acontecimentos e o produto final que chega ao público, selecionando e reconstruindo a realidade. A mediação é um processo estruturante desta experiência mediática, no qual atuam em conjunto os media e as organizações políticas, num esforço de cooperação tendo em vista a visibilidade dos acontecimentos. O processo de mediação jornalística tem como resultado final o discurso dos media. A construção jornalística conta uma «estória», enquadrando-a através de esquemas de interpretação que caracterizam e balizam o trabalho jornalístico – através de processos de seleção da matéria noticiável, de correspondência a critérios de valor-notícia, de constrangimentos do trabalho jornalístico – fornecendo uma interpretação dos assuntos noticiados, constituindo-se como um instrumento de criação de realidade. Este trabalho pretende caracterizar precisamente o discurso jornalístico na imprensa portuguesa sobre os congressos e convenções partidárias em dois períodos temporais distintos – 1994/1995 e 2000/2001 – que correspondem aos finais de mandato de Cavaco Silva e António Guterres. Para tal, recorreu-se à análise de conteúdo de peças jornalísticas na imprensa portuguesa sobre os eventos partidários que se realizaram nesses momentos, através de uma grelha de análise que pretende agrupar significações ao nível da substância dos textos.
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